postado em 04/05/2008 15:04
A 25 quilômetros de Brasília, uma área de cerrado quase intacta abriga construções de barro com telhados gramados, aproveitamento de água da chuva e produção de alimentos sem agroquímicos, numa paisagem que nem de longe lembra a capital de concreto do Plano Piloto e da Esplanada dos Ministérios.
Erguida com técnicas de ;bioconstrução;, a Chácara Asa Branca é uma das experiências brasileiras de permacultura, conceito de planejamento e execução de ocupações humanas de forma sustentável, com respeito ao meio ambiente e ;uso ético; dos recursos naturais e dos bens de consumo, de acordo com o administrador Leandro Jacinto, um dos proprietários da área.
;A idéia não era chegar e 'limpar o terreno'. É o contrário, as mudanças que fazemos têm a intenção de preservar o ambiente, e até melhorá-lo. O impacto passa a ser positivo;, relata.
;Temos três éticas na permacultura: cuidado com as pessoas, cuidado com a Terra e distribuição dos excedentes;, destaca Leandro Jacinto. Segundo ele, pensar a ;arquitetura humana; com sustentabilidade é uma maneira de contribuir para "atenuar problemas mundiais, como a escassez de água, as restrições à produção de alimentos e até mesmo o aquecimento do planeta".
A sustentabilidade das construções também é aplicada nas soluções de saneamento básico. A água da chuva é armazenada em três grandes reservatórios, construídos com técnicas da permacultura. ;É água suficiente para seis meses, sem precisar de outras fontes de abastecimento;, aponta Jacinto.
Nos banheiros, a descarga tradicional ; que utiliza água potável ; foi substituída por um sistema de compostagem: os resíduos são misturados à serragem e depois de passar por um processo químico natural, são transformados em adubo orgânico para hortas e jardins. A irrigação com água da chuva e a adubação natural garantem a produção de hortaliças, leguminosas e frutas, para consumo da chácara. A meta dos moradores ; três famílias atualmente ; é ter 60% da sua alimentação produzida no local.
;A gente busca solução para vários problemas, de forma simples e reaplicável. Acreditamos que é possível ser responsável pela nossa própria existência;, sugere Jacinto.