postado em 07/05/2008 08:32
Eixo Rodoviário terá barreiras na faixa central. A proposta acaba de passar pelo crivo da superintendência regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Polêmica, a medida é discutida há pelo menos 12 anos. Vencida a primeira batalha, começa outra: decidir qual sugestão do Governo do Distrito Federal terá menor impacto visual e, portanto, interferência mínima na área tombada. As barreiras não encontram consenso entre especialistas. Muitos defendem que as mortes na rodovia só serão reduzidas com educação dos motoristas e mais rigor na fiscalização.Entre hoje e amanhã, os técnicos do Iphan e do GDF se encontrarão para decidir qual é a melhor opção entre as seis apresentadas pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Metade delas prevê algum tipo de equipamento físico no canteiro central da rodovia. As outras três consistem em rebaixar ou gramar o canteiro central ou ainda colocar na área duas fileiras de tachões, também conhecidos como olhos-de-gato (veja arte).
Apesar de ter aceitado a sugestão da barreira, o superintendente regional do Iphan, Alfredo Gastal deixou clara a sua insatisfação. ;Vamos acatar por ser uma proposta antiga, defendida por especialistas e que não vai ferir o tombamento do Plano Piloto;, disse. ;Mas, na minha opinião, a violência no trânsito se combate com aumento de pardais, policiamento e fiscalização nas auto-escolas ;, defendeu.
O professor Joaquim Aragão, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília (UnB), também criticou a proposta, chamando-a de ;lamentável;. ;Se você analisar bem as causas dos acidentes vai descobrir que o motorista estava a 130km/h ou falava ao celular. Não se pode fazer interferências na cidade baseadas nas maluquices dos moradores;, disparou.
Avanço
Para o mestre em engenharia de tráfego José Léles de Souza, a segurança de pedestres e motoristas é prioridade. Entre as teses elaboradas pelo DER, ele demonstra preferência por duas: a barreira metálica e o canteiro central gramado. ;O metal absorve parte do impacto e faz com que o veículo pare ou retorne para apenas uma das três pistas. Já o gramado precisa ser alargado para manter o veículo sem controle longe da contramão ou da própria pista;, explicou Léles, que é professor da Universidade do Vale do Itajaí (SC) e morou sete anos em Brasília.
O secretário de Transportes, Alberto Fraga, não quis antecipar qual medida considera mais eficaz, mas considerou a decisão do Iphan como um avanço. ;Não há tombamento que resista à perda de vidas humanas. Isso mostra maturidade e sensibilidade do Iphan;, avaliou. O pacote de sugestões do DER inclui a revitalização e construção de passagens subterrâneas, além da criação de uma ciclovia. Mudanças que, segundo o superintendente de Trânsito do DER, Rui Corrêa Vieira, vão reduzir a média anual de 14 mortes ao longo do Eixão. O Iphan informou que a proposta de se construir uma ciclovia entre o Eixão e os Eixinhos está em análise e a revitalização das passagens subterrâneas foi aprovada.