postado em 11/05/2008 10:26
Paciência é pouco. Estacionar na área central de BrasÃlia exige teimosia do motorista. Mais do que em qualquer outro lugar, é preciso dirigir para si e para os outros. As filas duplas e até triplas impõem uma seqüência interminável de ziguezagues. Encarar o desafio de achar uma vaga vem acompanhado da certeza de que, a qualquer momento, o condutor à frente vai pisar bruscamente no freio para encaixar o carro em alguma brecha. Ou engatar a marcha a ré pelo mesmo motivo. Isso sem falar no assédio, à s vezes ameaçador, do flanelinha. Esse é o retrato do caos diário enfrentado por 45 mil motoristas disputando 15 mil vagas no coração da capital.
Esta semana o Correio acompanhou quatro brasilienses na difÃcil via-crúcis de encontrar um lugar onde parar o carro no Setor Comercial Sul, o ponto mais crÃtico do DF em termos de vaga. Flagrou carros estacionados sobre calçadas, em espaço destinado ao Corpo de Bombeiros, em frente ao hidrante e em vagas para deficientes e idosos. Uma desordem que, na visão de especialistas, é resultado de duas falhas graves do poder público: o crescimento populacional desordenado e a falta de investimento em transporte coletivo.
Oficialmente, o governo não admite a cobrança de estacionamento público. Mas publicou em 1º de março, no Diário Oficial do Distrito Federal, o nome de 13 empresas ; quatro delas estrangeiras ; interessadas em fazer os estudos de viabilidade dos estacionamentos subterrâneos por meio de parceria público-privada (PPP). A Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) pretende criar pelo menos 50 mil vagas subterrâneas na área central da cidade. O governo não terá custos com a pesquisa, o projeto ou a construção dos estacionamentos. Em troca, licita a concessão do serviço por tempo limitado. Depois, incorpora o bem e realiza nova concorrência pública.
R$ 800 milhões
É nesse mesmo pacote que se cogita a cobrança em estacionamento de superfÃcie. Fontes ouvidas pelo Correio disseram que a exploração das vagas públicas pode ser feita pelo próprio GDF ou entregue à iniciativa privada. Isso, aliado à fiscalização mais rigorosa aos motoristas que estacionam em locais proibidos, seria uma espécie de garantia do governo aos empresários de que o investimento valerá a pena. Quem dará a palavra final é o governador José Roberto Arruda.
O secretário de Transportes, Alberto Fraga, e o presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), Rogério Rosso, não confirmam nem descartam a intenção de privatizar as vagas públicas. ;Vamos aguardar os projetos, mas isso não está descartado. Em todas as cidades do Brasil e do mundo onde o sistema subterrâneo foi adotado, houve a cobrança pelas vagas públicas também;, adiantou .
O custo estimado para a criação das 50 mil vagas é de R$ 800 milhões. O prazo para a entrega dos projetos vence em 20 dias. Terminada essa fase, uma comissão do governo vai decidir qual é a proposta mais viável. A terceira etapa consiste na elaboração e lançamento do edital. ;Queremos licitar o serviço ainda este ano e começar a construção no começo de 2009;, afirmou Rosso.
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Secretário de Transportes, Alberto Fraga