postado em 12/05/2008 07:48
O futuro do julgamento do caso Isabela Tainara, que completa um ano na quarta-feira, começa a ser definido a partir desta segunda-feira (12/05). A previsão é de que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF) decida nesta segunda-feira se o ex-gari Michael Davi Ezequiel dos Santos, 21 anos, enfrentará um júri popular. Se for seguido o entendimento do Ministério Público do DF, que na última sexta-feira denunciou o único acusado do crime por extorsão mediante seqüestro, seguido de estupro, morte e ocultação de cadáver, o jovem será submetido à Justiça criminal comum. A pena pode alcançar 43 anos de reclusão.O processo está na 6; Vara Criminal de Brasília, a mesma que sexta-feira decretou a prisão preventiva do acusado ; o ex-gari estava detido desde março no Departamento de Polícia Especializada (DPE) e a prisão temporária venceu ontem. Para se chegar ao julgamento popular, o juiz responsável pela avaliação do caso terá de encaminhar o processo como homicídio. Assim, a punição ao ex-gari seria conhecida somente depois de os jurados assistirem ao embate entre defesa e acusação no Tribunal do Júri de Brasília.
A diferença de julgamentos provoca divergências e incertezas. Promotores ouvidos pelo Correio acreditam que não há caminho mais fácil para a condenação do réu. Mesmo no caso da estudante Isabela Tainara Faria, 14, um crime marcado pela barbárie e a repercussão pública. ;No júri popular, o advogado de defesa pode fazer um teatro e convencer os jurados. Mas, por outro lado, tem juiz de vara criminal comum que só condena alguém se tiver imagens do crime e elementos muito fortes contra o acusado;, afirmou um promotor de Brasília.
As dúvidas se reforçam pela falta de provas contra o ex-gari. Inquérito concluído quarta-feira pela Coordenadoria de Investigação de Crimes Contra a Vida (Corvida) reuniu confissões, interceptações telefônicas e testemunhas contra Michael (leia Memória). Ele também tem informações que só quem participou do crime saberia. O jovem descreveu à polícia as roupas usadas pela menina no dia em que a seqüestrou aleatoriamente no Sudoeste. Também disse que ela guardava o celular no estojo escolar. Segundo ele, Isabela Tainara atendeu uma ligação da mãe, dizendo que voltaria para casa de carona.
Os investigadores, no entanto, não encontraram vestígios do acusado entre os restos mortais da garota. Também não localizaram o celular, as roupas e o material escolar dela. Além disso, inúmeras perguntas continuam sem respostas. O ex-gari evitou contar como a seqüestrou e a levou até Samambaia. Nem se teve ajuda de comparsas. Michael forneceu nomes, endereços e veículos de supostos parceiros do crime. Todas as informações eram falsas. Apesar da conclusão do inquérito, a Corvida continuará as investigações.
Orkut
Amigos e desconhecidos de Isabela Tainara comentaram o desfecho do caso e a apresentação do culpado pelo crime no site de relacionamentos Orkut. Na comunidade ;Justiça por Isabela Tainara;, que tem 791 participantes, muitos revelaram indignação. ;Pena que nossas leis são ultrapassadas e só permitem a pena máxima de 30 anos. É lamentável saber que um marmanjo de 21 anos tira a vida de alguém e a lei não permite que ele mofe na cadeia;, comentou uma integrante de um grupo de discussão. Outros internautas chamam a atenção para as lacunas que permanecem desde a conclusão do inquérito policial. ;Eu duvido que ele tenha agido sozinho. Na minha opinião, ele está encobrindo os outros envolvidos por medo de que eles façam algo contra a família dele;, disse uma jovem identificada como Thania.
Memória
* Isabela Tainara é vista pela última vez na porta do curso de inglês que freqüentava, no Sudoeste. Ela desaparece logo após as 18h de 14 de maio do ano passado. A família denuncia o caso à polícia e pede ajuda à população uma semana depois.
* Em 28 e 29 de junho, policiais militares descobrem os restos mortais da garota em um matagal de Samambaia. Apesar do avançado estado de decomposição, peritos identificam Isabela Tainara. Até então, a investigação está por conta da Divisão de Repressão a Seqüestro (DRS).
* A Delegacia de Homicídios, atual Corvida, assume o caso e recomeça as investigações praticamente do zero. Denúncia anônima feita em novembro aponta pela primeira vez para o ex-gari Michael Davi Ezequiel dos Santos, 21 anos. A polícia começa a monitorá-lo. E o prende em 13 de março deste ano.
* Michael confessa o crime. Diz que precisava de dinheiro e seqüestrou Isabela aleatoriamente para extorquir a família. Mas não fala como a levou nem se teve ajuda de comparsas. Mesmo sem provas materiais, a Corvida indicia o ex-gari por extorsão mediante seqüestro, seguido de estupro e morte. O inquérito é concluído e encaminhado ao Ministério Público, que denuncia o acusado à Justiça.