Cidades

Motorista do Palio havia ingerido entorpecentes, diz laudo do IML

Documento aponta que o condutor acusado de provocar colisão no Dia das Mães tinha ingerido álcool e usado maconha. Ele e mais duas pessoas continuam hospitalizadas

postado em 13/05/2008 08:27
O motorista do Palio que invadiu a pista oposta e bateu de frente com um Logan na via S3, nas proximidades da Ponte JK, estava embriagado e tinha usado maconha. É o que aponta o laudo do Instituto de Medicina Legal (IML). O exame do bafômetro, feito por agentes do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran) três horas depois da colisão no último domingo, já apontava que o motorista da Câmara dos Deputados Felipe Gonçalves de Souza Cruz, 47 anos, havia ingerido três vezes mais álcool do que o tolerado pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O acidente deixou cinco feridos. Três continuam sob cuidados médicos. Felipe responderá por tentativa de homicídio doloso ; quando há intenção de matar. A pena varia de três a 10 anos de prisão.

O acidente ocorreu por volta das 15h30. Segundo testemunhas, o motorista do Palio placa JGZ 2476-DF seguia no sentido Lago Sul/Plano Piloto em alta velocidade e fazendo ziguezague para ultrapassar os outros carros. No sentido contrário da via, o engenheiro agrônomo André Vicente de Sanches, 39 anos, voltava de um almoço com a família: a mulher Laura Pereira de Magalhães, 35; o enteado Jonas Pereira, 11; e o filho Felipe Sanches, 3, no Logan placa JHE 6338/DF. Eles comemoravam o Dia das Mães e seguiam para casa, em um condomínio no Lago Sul.

O engenheiro lembra que estava na faixa da direita e dirigia a aproximadamente 60km/h, quando foi surpreendido pelo Palio. ;Dois carros tinham acabado de me ultrapassar, não deu para ver o Palio se aproximando;, contou (leia Depoimento). Todos os ocupantes dos dois carros ficaram feridos e foram levados para o Hospital de Base. Para a delegada chefe da 1; DP (Asa Sul), Martha Vargas, o fato de Felipe dirigir alcoolizado já justifica a autuação por tentativa de homicídio doloso. ;Ele sabia o risco de pegar o carro embriagado e responderá por isso. Vamos aguardar a perícia para verificar se estava em alta velocidade;, explicou a delegada.

Segundo ela, mesmo feito seis horas após a colisão, o exame de sangue do IML apontou a presença de álcool além do permitido pela lei. O gerente de Fiscalização do Detran, Silvain Fonseca, explica que o exame do bafômetro apontou 0,8ml de álcool por litro de sangue. ;O limite é de 0,29ml/l. Colhemos a amostra de ar três horas depois do acidente, o que comprova que ele bebeu muito além do tolerável;, disse. Fontes do Correio ligadas à investigação revelaram que o exame de sangue do acusado detectou a presença de maconha. Felipe Gonçalves tem passagem pela polícia por uso da substância em 2002.

De acordo com a delegada, ele já havia se envolvido em outro acidente de trânsito este ano. Em abril, bateu o carro da Câmara dos Deputados, onde trabalha como motorista, na Quadra 206 Sul. Não houve vítimas. Martha Vargas aguarda o resultado da perícia, que deve sair dentro de 30 dias, para confrontar com os depoimentos das testemunhas, que começam a ser ouvidas hoje. ;Vamos ouvir pessoas que estavam no local e os envolvidos que já receberam alta. Se necessário, para garantir o andamento das investigações, podemos pedir a prisão temporária do acusado;, afirmou.

Cinto de segurança
Felipe Gonçalves passou por cirurgia na tarde de ontem para a retirada de líquido nos pulmões, conseqüência da forte pancada. Ele permanece internado, em observação. O garoto Jonas Pereira, 11, fez uma cirurgia no abdômen e está no pós-operatório. Ele perdeu 80cm do intestino e teve de retirar o apêndice. A mãe do garoto, Laura, foi transferida para o Hospital Santa Helena com fraturas na clavícula e nas costelas. André Sanches e o filho, o pequeno Felipe, 3, já receberam alta. O pai quebrou a clavícula e a criança teve escoriações no rosto.

Enquanto acompanhava o enteado Jonas no HBDF, na tarde de ontem, André contou que o cinto de segurança foi fundamental à sobrevivência da família: ;Não sei o que poderia ter acontecido se estivéssemos sem os cintos;.

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