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Saturado, Sudoeste terá novas quadras

Projeto de construir mais duas quadras encontra resistência de moradores, do MP e do TCU

postado em 14/05/2008 08:15
Diante de problemas como os constantes engarrafamentos e a falta de vagas, a população do Sudoeste, uma das áreas mais nobres da cidade, está pronta para travar uma batalha contra o crescimento previsto do setor. A novidade também preocupa o Ministério Público do Distrito Federal, que cobra a participação da comunidade no processo. A previsão é que duas novas quadras ocupem uma área de 140 mil metros quadrados, com 22 edifícios para mais cinco mil moradores. Área onde serão construídas as duas novas quadras do SudoesteA expansão do bairro foi aprovada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e depende apenas do aval da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma). Até junho, o governo deve dar o parecer sobre a destinação da área. As chances de os empreendimentos saírem do papel são grandes, já que a ocupação é prevista no documento Brasília Revisitada, do urbanista Lucio Costa. A pedido da Seduma, o Iphan elaborou um estudo em que afirma que a expansão do Setor Sudoeste não fere o tombamento de Brasília. O terreno que vai receber as novas quadras é de propriedade da Marinha e fica entre o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Eixo Monumental. Por enquanto, o principal empecilho ao crescimento do bairro são problemas jurídicos relacionados à venda da área. Há quase dois anos, a Marinha negocia o terreno e chegou a fazer uma permuta para trocar o lote no Sudoeste por 784 apartamentos em Águas Claras. Os apartamentos seriam imóveis funcionais, cedidos a oficiais transferidos para Brasília. Mas o negócio foi questionado pelo Ministério Público Federal, Ministério Público do DF e Tribunal de Contas da União. Em19 de março, o TCU determinou a suspensão do contrato que havia sido firmado com a empresa Antares Engenharia. Diante da necessidade de negociar o lote, a Marinha encomendou uma avaliação de mercado do imóvel, que ficou a cargo do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia. A empresa contratada fixou em R$ 117 milhões o valor da área e a Marinha abriu licitação para trocar o terreno por apartamentos em Águas Claras, avaliados pela mesma empresa por R$ 180 milhões. Procuradores da República e promotores de defesa da ordem urbanística entraram com ação contra a venda do terreno, alegando que a negociação poderia trazer grandes prejuízos aos cofres públicos. Isso porque a Marinha realizou a avaliação de mercado do terreno sem que houvesse estudos urbanísticos e ambientais do local. Não existem sequer normas de gabarito fixadas pelo governo para estabelecer a destinação do terreno. Ou seja, ainda não está definido se o lote pode abrigar prédios de três ou seis andares, se terá casas, áreas comerciais ou industriais. Sem isso, é impossível definir o preço do terreno, alegou o Ministério Público. Permuta Em novembro de 2006, o Tribunal Regional Federal acatou os argumentos dos promotores e procuradores e o juiz João Luiz de Souza, da 15ª Seção Judiciária do DF, suspendeu o negócio até a realização de estudos do local. Mas a liminar caiu pouco depois e, em 28 de novembro de 2007, a Marinha do Brasil publicou no Diário Oficial da União um contrato de permuta com a Antares Engenharia. Os estudos urbanísticos, ambientais e as normas de gabarito ainda não estavam prontos. Em março deste ano, o Tribunal de Contas da União determinou a suspensão do contrato. O ministro relator do processo, Marcos Bemquerer, contesta a negociação e o próprio processo de avaliação do terreno. ;Se com relação ao valor do terreno do Sudoeste o laudo de avaliação demonstrou-se incompleto, no que se refere ao valor dos imóveis em Águas Claras, tal documento mostra-se ainda mais obscuro;, diz o relator no voto. Sobre a permuta, em que a Antares Engenharia troca os apartamentos avaliados em R$ 180 milhões pelo terreno do Sudoeste, o ministro Marcos Bemquerer diz que ;não se pode deixar de seguir o princípio da obrigatoriedade geral de licitar para franquear aos particulares a possibilidade de, em igualdade de condições, ofertarem os imóveis de que dispunham ou que pudessem vir a entregar, propiciando, dessa forma, o atendimento ao interesse público com a seleção da proposta mais vantajosa para administração;, continua o ministro. A Marinha tem pressa para concluir o negócio e receber os apartamentos funcionais. De acordo com nota enviada pela assessoria de comunicação da corporação, ;a Marinha do Brasil vem se deparando, ao longo dos últimos 10 anos, com dificuldades para efetivar a movimentação de seu pessoal militar e a falta de moradia funcional é um dos principais problemas. Pela lei, o militar da ativa tem direito à habitação para si e seus dependentes ;, explica a nota. Segundo a Marinha, o déficit de residências em Brasília é de 500 imóveis. O terreno vazio no Sudoeste surgiu como uma esperança de solução para o problema entre os militares. ;A Marinha dispunha de um terreno sem aplicabilidade e oneroso, devido aos recursos de toda ordem despendidos para mantê-lo cercado, limpo e livre de invasões. Com a permuta, receberia 10 lotes em Águas Claras, resolvendo assim, sem ônus para a Marinha, o grave problema habitacional do seu pessoal militar na cidade de Brasília;, diz a nota oficial enviada ao Correio. Sobre a legalidade do negócio, a Marinha informou que ;instaurou judicioso processo administrativo, no qual a permuta foi analisada não só pelo seu viés econômico mas também no jurídico. Tudo foi aprovado pela Advocacia Consultiva da União;, diz a nota. ;A referida permuta se efetivou em contrato firmado entre o Comando do 7º Distrito Naval e a empresa Antares Engenharia. Em 6 de março de 2008, os registros de transmissão de propriedade dos imóveis permutados foram finalizados em cartórios do Distrito Federal, Por conseguinte, fica evidenciado que a permuta ocorreu na conformidade do ordenamento jurídico pertinente;, finaliza a nota da Marinha. A Antares Engenharia, que adquiriu o lote, afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que aguarda os estudos urbanísticos e ambientais do GDF para fazer qualquer construção no local. A empresa acredita que o TCU vai liberar o negócio, já que ele foi feito dentro de todas as normas legais. A Antares garante que nada será construído antes da conclusão da análise de viabilidade. Sobre o fato de comprar um terreno sem saber qual a destinação do imóvel, a empresa afirmou que o risco é inerente ao mercado imobiliário.

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