Jornal Correio Braziliense

Cidades

Moradores querem ser ouvidos sobre duas novas quadras no Sudoeste

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Além dos problemas jurídicos na venda do terreno, a resistência da população do Sudoeste também pode ser um outro impeditivo à expansão do bairro. A maioria dos habitantes do setor é contra o aumento do número de moradores. Hoje, cerca de 50 mil pessoas vivem no local, que já tem 435 edifícios. O metro quadrado da região é um dos mais caros da capital federal. A preocupação da comunidade é que a expansão do Sudoeste agrave ainda mais os problemas como engarrafamentos e falta de vagas para estacionamento. O Ministério Público do DF defende que todos os moradores sejam ouvidos antes de qualquer construção no local. O presidente do Conselho Comunitário do Sudoeste, Élber Barbosa, garante que a idéia de novas edificações no setor enfrenta muita resistência na comunidade. ;O Sudoeste já foi ampliado muito além do que deveria. Se a área da Marinha for ocupada, a região ficará caótica e teremos que dar adeus à qualidade de vida que o local oferece hoje;, justifica Élber. ;As ruas, os sistemas de água e esgoto, nada disso comporta um aumento populacional;, acrescenta o líder comunitário. A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, que a pedido da Marinha analisa a possibilidade de ocupação do terreno, assegura que todas as concessionárias de serviços públicos do GDF já deram aval para a expansão do Sudoeste. A CEB, a Caesb e a Novacap acreditam que é possível adequar a infra-estrutura atual ao aumento populacional. A assessora especial da Seduma, Giselle Moll, explica que o governo está fazendo estudos urbanísticos, ambientais e de impacto de vizinhança antes de determinar as normas de gabarito ; regras que vão definir a destinação permitida para construções no local. Mas Giselle lembra que já havia previsão de uma ocupação residencial no local, nos moldes das quadras tradicionais do Sudoeste. ;Faltam apenas as normas de gabarito para fixar a altura máxima dos prédios, o potencial construtivo e as normas complementares;, explica Giselle. O Iphan também não se opõe à ampliação do bairro. O processo relacionado à ocupação do terreno da Marinha passou pelo instituto do patrimônio e teve o apoio dos técnicos. ;Esse projeto é perfeitamente viável. Como o terreno está na área tombada, deverá seguir o modelo do Sudoeste, com prédios de seis andares;, explica o superintendente do Iphan, Alfredo Gastal. O Ministério Público do DF acompanha de perto as negociações em torno do terreno e a possibilidade de ampliação do Sudoeste. A promotora de Defesa da Ordem Urbanística, Marisa Isar, lembra que a Marinha não poderia licitar o imóvel antes da conclusão dos estudos urbanísticos e ambientais. ;O Ministério Público não é contra a ocupação da área, mas não concordamos com a forma como ela está sendo realizada, de forma apressada, temerária;, critica a promotora. De acordo com o MP, se houver qualquer previsão de construção no local sem prévia consulta aos moradores da região, os promotores poderão entrar com ação civil pública contra os empreendimentos. ;O Sudoeste não comporta um crescimento sem que sejam feitas modificações prévias na rede de infra-estrutura, de esgoto e água, além do alargamento das vias e estacionamento. E é imprescindível que a população seja ouvida. O importante é assegurar a qualidade de vida das pessoas que moram na região;, defende Marisa Isar.