postado em 24/05/2008 08:27
O glaucoma é a segunda maior causa de cegueira irreversível no mundo. A informação da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra a gravidade da doença que não apresenta sintomas, avança lentamente até destruir o nervo óptico e provocar a perda parcial ou total da visão. Muitos pacientes só descobrem a doença com a visão já comprometida, daí o título de doença silenciosa. Para alertar a população da importância do diagnóstico precoce será celebrado na próxima segunda-feira, 26, o Dia Nacional de Combate à Cegueira pelo Glaucoma. Segundo a OMS, 65 milhões de pessoas no mundo perderam a visão por causa do glaucoma. No DF, 125 mil pessoas não sabem que são portadoras da doença.
Flávio Aranha, professor de oftalmologia da Universidade de Brasília (UnB), explica que a forma mais comum da doença é o glaucoma crônico simples (veja arte), registrado em cerca de 80% dos casos diagnosticados. Segundo Aranha, a doença pode demorar até oito anos para se manifestar. A perda da visão é progressiva. ;Como não há sintomas, quando o paciente começa a notar algumas dificuldades, como a baixa da visão, o mal já está avançado e a visão comprometida;, alerta. Somente em sua forma aguda, ela apresenta sintomas ; forte dor de cabeça, olhos vermelhos, visão borrada e náuseas.
Não há cura para o mal, que ocupa a terceira posição entre as doenças crônicas que mais atingem a população brasileira, ficando atrás apenas da hipertensão e da diabete. Caracterizada pelo aumento da pressão intra-ocular, nervo óptico doente e campo visual alterado, o glaucoma atinge cerca de 5% da população brasileira ou 1,8 milhões de portadores e 900 mil pessoas não sabem que têm a doença.
Advertências
A oftalmologista Núbia Vanessa Lima chama a atenção para as formas da infecção e a importância da prevenção. ;Alguns pacientes apresentam a pressão do olho normal, por isso é importante estar atento sempre e, além de medir a pressão ocular, fazer uma avaliação do nervo óptico. O ideal é que todos procurem um oftalmologista pelo menos uma vez por ano. O custo social de um deficiente visual é muito grande;, alerta.
O glaucoma congênito, tipo mais raro, é uma das principais causas da perda da visão na infância. Ítalo Passaroni Teixeira, 20 anos, estudante de ciência da computação, convive com a doença desde o nascimento, detectada ainda nos primeiros dias de vida. ;Faço o tratamento desde criança. Mesmo com todos os cuidados, aos 10 anos, a pressão do meu olho esquerdo aumentou para 60 mmHg.; O rapaz perdeu a visão do olho esquerdo, mas diz que o acontecimento nunca o impediu de realizar seus sonhos. ;Sigo a minha vida normalmente, vou para a faculdade, academia e faço tudo o que tenho vontade;, completa.
Novos equipamentos
Em Brasília, o atendimento dos portadores do glaucoma é feito no Hospital Regional de Taguatinga e Hospital de Base, que ,desde março, oferece aos pacientes do setor de oftalmologia aparelhos especiais para a doença, como o retinógrafo e o campímetro. ;Esses equipamentos contribuirão para a detecção precoce da doença. O que ainda não temos, mas estamos lutando para conseguir é a assistência medicamentosa para o doente;, explica o oftalmologista Ricardo Castanheira, coordenador de Oftalmologia da Secretaria de Saúde e chefe da Unidades de Oftalmologia do hospital.
O especialista alerta que além da descoberta tardia da enfermidade, muitos perdem a visão porque abandonam o tratamento, que deve ser feito diariamente. ;Existe uma infidelidade muito grande ao tratamento e isso precisa ser resolvido. Em alguns casos, o paciente tem que usar o colírio até quatro vezes ao dia. O custo também pesa. Um colírio pode custar até R$ 110 e para uma pessoa que ganha um salário mínimo fica difícil dar continuidade;, ressalta. Quem sofre da doença pode procurar ajuda na rede pública. As consultas devem ser marcadas nos postos de saúde.
FIQUE ATENTO
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