postado em 30/05/2008 08:16
Uma atitude no susto, tomada rapidamente, de maneira impulsiva. Durante duas horas, Marlon Delgado Magalhães tentou justificar ao titular da 35ª Delegacia de Polícia, Márcio Michel, o crime cometido no amanhecer da última quarta-feira. Na tarde de ontem ele se entregou e confessou ter matado Antônio Carlos Rodrigues da Silva, de 17 anos. O rapaz pichava o portão da casa de Marlon no momento em que levou o tiro. Logo depois do depoimento, o acusado foi indiciado por homicídio qualificado (com intenção de matar e praticado por motivo fútil). Se condenado, poderá ficar até 30 anos na cadeia. Mas, como não foi pego em flagrante, responderá ao processo em liberdade.
Ao delegado que investigou o caso, Marlon disse que não queria ter feito o que fez. E deu detalhes de como tudo aconteceu. Contou que ainda dormia quando ouviu um barulho no portão de casa. Levantou-se assustado e, pensando ser um ladrão, pegou o revólver calibre .38 que guardava para usar no dia em que se sentisse ameaçado. Sonolento, imaginou que aquele pudesse ser o momento de usá-lo. Marlon não tinha porte de armas.
Passava das 5h e ainda estava escuro quando Marlon abriu o portão e se deparou com um desconhecido. O morador, então, puxou o gatilho. Deu um único disparo para fora de casa. Antônio já estava de costas, preparado para fugir. Não conseguiu. A bala atingiu a nuca e atravessou-lhe a boca. O rapaz ainda caminhou sangrando por cerca de 200m até cair morto. Marlon disse ao delegado que, quando viu o tubo de spray preto na mão do rapaz, imaginou que fosse uma arma. Naquele instante tomava a decisão mais errada de sua vida e acabava com a de Antônio.
O delegado Márcio Michel, que ouviu e indiciou o acusado, voltou a dizer que o crime foi resultado de uma grande besteira de quem o protagonizou. ;Isso aí foi o seguinte: todos nós somos homicida em potencial. Mas nunca um erro vai justificar outro;, analisou.
Enquanto Marlon se apresentava à polícia, a família e os amigos de Antônio choravam a dor de ter perdido alguém tão próximo por um motivo tão fútil. ;Eu quero Justiça;, repetia no enterro do rapaz a dona-de-casa Maria de Lurdes Torres dos Santos, 42 anos, a mulher que ajudou a cuidar do garoto desde pequeno. Até agora, ninguém do convívio de Antônio consegue entender o que aconteceu. Contam que nunca desconfiaram de que ele pichava. E fazem questão de ressaltar que era um rapaz estudioso e trabalhador. Seguem acreditando que, assim como a atitude de Marlon, a de Antônio não passou de uma grande besteira.