postado em 01/06/2008 11:04
Em menos de 15 dias, nova paralisação dos rodoviários pode atingir quase 1 milhão de brasilienses. Se os 9 mil motoristas e cobradores cumprirem o prometido, todo os ônibus coletivos do Distrito Federal vão parar, por 24 horas, nesta segunda-feira (02/06).
A decisão foi ratificada em assembléia realizada neste domingo (01/06) que contou com 4 mil pessoas, conforme afirma o Sindicato dos Rodoviários do DF. Os trabalhadores anunciaram ainda que toda a frota vai parar. A decisão contraria liminar expedida pela Justiça, a pedido do procurador do Ministério Público do Trabalho Valdir Pereira da Silva, que exige que 60% dos veículos de cada linha permaneçam circulando.
Cientes da obrigação de pagar a multa ; que é R$ 100 mil por dia -, motoristas e cobradores autorizaram o Sindicato a recolher o equivalente a um dia de trabalho de seus salários. "A paralisação é uma advertência aos empresários. Teremos mais uma semana até o início da greve para reverter esse indicativo", avisou o diretor da entidade, o sindicalista João Osório da Silva. Isso significa que, se as negociações não avançarem, o movimento será radicalizado a partir da segunda-feira, dia 09/06, com greve geral deflagrada por tempo indeterminado.
Durante a assembléia, ficou claro que a greve não era a principal bandeira dos dirigentes do sindicato. Eles apoiaram a realização da operação passe livre, com viagens gratuitas em todos os ônibus da cidade. Os trabalhadores, no entanto, preferiram a greve geral e por tempo indeterminado. Se a liberação das catracas tivesse sido aprovada, as empresas perderiam, em um dia, cerca de R$ 2 milhões em arrecadação com as passagens. "Essa seria uma forma de não prejudicar a população, mas a categoria preferiu não optar por isso, temendo perseguições e demissões", afirmou Silva.
O que quer a categoria
Dentre as reivindicações, estão o reajuste salarial de 20%, a redução da jornada de trabalho de 40 horas semanais para 36, o fim das cobranças relativas a assaltos (motoristas e cobradores arcam com a prejuízo causado pelos bandidos), o fim da meia jornada (que significa que, além das 6h40 de trabalho, os rodoviários realizam de 1 a 4 horas-extras por dia). De acordo com Saul Araújo, presidente do Sindicato, alguns rodoviários chegam a trabalhar 14 horas. "Nossa prioridade são as seis horas corridas. Os empresários diziam que, por conta do transporte pirata, nós precisávamos trabalhar mais. No entanto, a pirataria foi combatida e nossa jornada não voltou ao normal", rebate.
A reportagem tenta contato com o sindicato patronal para comentar o caso.
Memória
No dia 20 de maio, motoristas e cobradores cruzaram os braços por não terem recebido o valor da cesta básica naquele dia. Cerca de 77% dos ônibus não circularam em todo o DF. Mesmo depois do depósito do benefício, os trabalhadores continuaram parados; dessa vez, para garantir o abono do dia de trabalho perdido.
Na ocasião, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Brasília, Wagner Canhedo Filho, dedidiu falar sobre a mobilização somente por meio de nota à imprensa. E, mesmo assim, preferiu se ater unicamente aos ;problemas; dos empresários que, segundo ele, estão em dificuldades pela falta de reajuste nas tarifas dos ônibus.
No mesmo dia, o secretário de Transportes do DF, Alberto Fraga, disse que o governo não iria intervir nas negociações entre os funcionários e empresários, enquanto os estudos do DFTrans sobre o setor não forem concluídos. ;O Wagner reclama do investimento feito na nova frota de ônibus. Mas ônibus novos nas ruas não é uma gentileza, mas sim uma obrigação. A lei diz que de sete em sete anos a frota deve ser renovada;, argumentou.