postado em 02/06/2008 22:23
A paralisação dos nove mil motoristas e cobradores do Distrito Federal deixou milhares de brasilienses sem saber como voltar do trabalho ou de outras atividades diárias para casa nesta segunda-feira (02/06). Diante da falta de ônibus nas ruas, o transporte pirata aproveitou para lucrar com a paralisação. Kombis, vans, transportes escolares e até carros particulares lotaram o pátio interno da Rodoviária do Plano Piloto durante todo esta segunda-feira. Por volta das 19h30, o movimento destes tipos de veículos no local ainda era grande, com parte da população teendo de disputar um lugar nos carros para garantir a condução de volta para casa.
Nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira (02/06) mais de 100 mil pessoas usaram o transporte ferroviário (Metrô), segundo o Centro de Controle Operacional. Em dias normais, aproximadamente 50 mil habitantes são transportados no mesmo período. Por causa da paralisação dos ônibus, a Compainha do Metropolitano do DF montou um esquema especial: todos os trens entraram em operação a partir das 6h e não apenas no horário de pico, a partir das 7h.
O musicista Milton Gomes de Souza, 33 anos, foi um desses usuários a mais que usou os serviços do metrô. Ele costuma ir de ônibus para as aulas de música. Nesta segunda-feira, se socorreu com a ajuda da nova opção de transporte, como dezenas de outros moradores do Distrito Federal. "Vou até a estação da 114 Sul e depois subo a pé até a 713 Sul. O problema na verdade vai ser voltar para casa. Não tem estação do metrô onde moro (Lago Sul)",conta.
No inicío desta noite a estação central - a da Rodoviária do Plano Piloto - estava lotada, com um movimento entre 30% a 40% acima do normal. No entanto, a Polícia Militar do Df não registrou nenhum incidente ou confusão no local.
E por conta do aumento do movimento de passageiros bem maior do que dias normais, nem todas as pessoas poderam utilizar os serviços do metrô, por conta do fato de que, atualmente, existerem estações apenas na Asa Sul, Águas Claras, Taguatinga, Ceilândia e Samambaia.
Paralisação
A decisão de paralisar as atividades foi ratificada neste domingo (01/06) em assembléia que contou com 4 mil rodoviários, conforme informou o Sindicato dos Rodoviários do DF. Os trabalhadores anunciaram ainda que toda a frota iria parar. A decisão contraria liminar expedida pela Justiça, a pedido do procurador do Ministério Público do Trabalho Valdir Pereira da Silva, que exige que 60% dos veículos de cada linha permaneçam circulando. Cientes da obrigação de pagar a multa ; que é R$ 100 mil por dia -, motoristas e cobradores autorizaram o Sindicato a recolher o equivalente a um dia de trabalho de seus salários.
Reivindicações
Dentre as reivindicações, estão o reajuste salarial de 20%, a redução da jornada de trabalho de 40 horas semanais para 36 horas, o fim das cobranças relativas a assaltos (motoristas e cobradores arcam com a prejuízo causado pelos bandidos) e o fim da meia jornada (os rodoviários realizam de uma a quatro horas-extras por dia).
De acordo com o sindicato da categoria, para esta terça-feira está prevista a circulação normal, em todas as rotas, de todos os ônibus no Distrito Federal, com a volta dos nove mil rodoviários às suas atividades. Caso as negociações não avancem, eles prometem entrar em greve, por tempo indeterminado, em 9 de junho.