postado em 03/06/2008 08:23
Chegou a hora da mudança de cenário na capital federal. O verde da cidade está amarelando em toda parte por conta da ausência de chuvas. As árvores perdem as folhas e anunciam a chegada do inverno. Mas, ainda assim, a paisagem de Brasília troca de tonalidade e encanta moradores e visitantes.
Desde o início da semana, flores em variados tons de rosa e roxo enfeitam o caminho dos brasilienses. Quando a seca chega, é a vez do ipês-roxos avisarem que existe beleza resistente à baixa umidade.
No DF, há duas espécies de ipê-roxo: a Tabebuia heptaphylla e a Tabebuia impetiginosa. A que está florescendo agora é a segunda ; as flores dela aparecem entre maio e agosto. Na 206/406 Sul, uma árvore de mais de 15m está carregada de pequenos buquês.
;É uma verdadeira atração. Quem passa aqui caminhando não resiste e olha para cima;, diz Jurandi Pereira Marinho, 47 anos, gerente do bar Libanus. ;Alguns, até tiram foto;, garante. Jurandi conta que a árvore o faz lembrar o estado de Mato Grosso (MT), onde nasceu.
Típicos de regiões de cerrado, os ipês também são encontrados no Pantanal, em áreas de transição para a Amazônia, estados do Nordeste e de outras regiões que ainda preservam redutos florestais da Mata Atlântica.
O ipê-roxo atinge o auge de sua beleza por volta dos 30 anos, que é quando ele chega ao pico do crescimento. A espécie de tronco fino e galhos espalhados costuma atingir em sua maioria de 12m a 15m de altura nesta fase da vida, com um limite de crescimento de até 20m.
O arquiteto Raimundo Cordeiro, do Departamento de Parques e Jardins, acredita que o exemplar da 206/406 Sul está justamente nesse período. ;É uma árvore alta e elegante, carregada de buquês;, elogia o responsável pelo ajardinamento e arborização da cidade.
Na Esplanada dos Ministérios, outros ipês-roxos também já floresceram. Há árvores plantadas quase em frente à Catedral e ao lado do Congresso Nacional, o que faz os turistas que visitam Brasília nesta época do ano levarem fotografias distintas do habitual.
Outro fenômeno típico do período de estiagem que enfeita as imagens dos fotógrafos amadores e profissionais é o céu avermelhado da capital na hora do nascente e do poente. Os ipês da Esplanada, segundo Raimundo Cordeiro, devem ter pouco mais de 20 anos de vida.
;Escolhemos o ipê por causa da beleza mesmo. É uma espécie que se destaca na época da seca.; Também há ipês-roxos plantados ao longo do Eixão, em quase todas as superquadras e nos canteiros centrais de vias de acesso às outras cidades.
Os ipês da espécie Tabebuia impetiginosa cujas flores ainda não desabrocharam devem fazer isso nos próximos dias. Já os da espécie Tabebuia heptaphylla exibirão sua flores entre julho e setembro.
Outras cores
Além do ipê-roxo, as áreas públicas do Distrito Federal contam com dois outros tipos de ipês: os de flores amarelas (Tabebuia serratifolia), e os de flores brancas (Tabebuia roseo-alba). Os ipês têm uma estratégia curiosa para resistir à falta de chuvas.
O segredo está na raiz, que é profunda e consegue chegar às reservas de água do subsolo. Para diminuir o gasto de energia e aproveitar melhor a água, a árvore perde as folhas no período de estiagem. Nessa mesma época, vêm as flores, que contribuem para a preservação da espécie atraindo os polinizadores.
A cidade permanecerá pintada pelos ipês-roxos até o fim de agosto. Depois chega a floração do amarelo, que vem entre julho e outubro. As flores do ipê-branco desabrocham apenas no final da seca, entre setembro e outubro e têm momentos de brilho e leveza fugazes. ;Elas não duram mais que três ou quatro dias. O morador precisa estar atento para apreciá-las;, aconselha Raimundo Cordeiro, do Departamento de Parques e Jardins.
Em oito anos, o Distrito Federal estará ainda mais florido do que é hoje. Entre as 200 mil árvores plantadas pelo governo no último período de chuvas, 30 mil são ipês. Esse período de tempo é o prazo que a planta espera para dar a florada inaugural. ;Todas as regiões administrativas e parques receberam mudas. Em breve, tudo estará ainda mais bonito e colorido;, garante Raimundo Cordeiro.