postado em 05/06/2008 09:31
Insatisfeitos com o impasse nas negociações com o Sindicato Patronal, referente ao reajuste salarial e a redução da carga de trabalho, os rodoviários ameaçam deflagrar greve geral por tempo indeterminado no Distrito Federal. Uma demonstração de força foi dada na manhã desta quinta-feira (05/06). Motoristas e cobradores da viação Planeta fizeram uma paralisação-relâmpago no terminal do Setor "O", em Ceilândia. O protesto durou cerca de 40 minutos por causa do não-pagamento de horas extras e do quinqüênio, gratificação de 3% a cada cinco anos trabalhados, como é de direito da categoria.
A confusão começou depois que os trabalhadores receberam os contracheques e constaram a ausência dos benefícios. "Eles pararam por conta própria, mas foram convencidos a retornarem, mesmo no prejuízo, porque estamos prestes a uma greve geral", disse o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Saul Araújo.
"Se até domingo os empresários não apresentarem uma proposta, segunda-feira Brasília vai amanhecer sem ônibus", diz Araújo. Mesmo dizendo que a suspensão dos serviços não é o interesse da categoria, o presidente do sindicato diz ainda que não pode garantir que incidentes como o de hoje não voltem a ocorrer, por se tratar de manifestações espontâneas.
Segundo o diretor de comunicação do Sindicato dos Rodoviários, Lúcio Lima, a situação foi normalizada por volta das 9h30, após a empresa ter se comprometido a efetuar o pagamento da diferença amanhã. A Planeta é responsável por 50% da frota que opera em Ceilândia.
Sem acordo
Ontem, após quase seis horas de negociações, patrões e rodoviários não chegaram a um acordo durante a reunião com o Ministério Público do Trabalho (MPT). O Sindicato Patronal reafirmou não ter condições financeiras de aceitar as reivindicações sem que haja aumento no preço das passagens dos ônibus. Por isso, motoristas e cobradores reforçam a ameaça de parar todas as linhas a partir das segunda-feira (09/06). No domingo, a categoria realiza assembléia para discutir o assunto.
Durante a reunião, o MPT sugeriu o reajuste salarial de 6% e a redução da carga de trabalho de 6h40 diárias para 6h. Porém, rodoviários e empresários mostraram-se descontentes. A categoria quer o aumento de 20%. No último encontro, o MPT chegou a sugerir o reajuste salarial de 10%, que também não agradou. ;Está muito aquém das nossas expectativas, queremos os 20%, afirmou o diretor financeiro do Sindicato dos Rodoviários, João Osório.
Segundo Osório, dificilmente a categoria aceitará a proposta. Vamos realizar uma assembléia no domingo, às 10h, em frente ao Conic. Mas pelo jeito vamos parar as atividades, diz. Caso a previsão de Osório se confirme, a greve seguirá por tempo indeterminado. Para acirrar ainda mais o impasse, o presidente do Sindicato Patronal, Wagner Canhedo, ameaçou não depositar nesta quinta-feira (05/06) o vale-alimentação dos rodoviários.
É impossível aumentar o salário sem aumentar a nossa receita ou a carga horária dos funcionários. O governo não quer aumentar a tarifa, então vai ficar difícil;, alegou Canhedo. Essa foi a última reunião intermediada pelo MPT. Se novos encontros acontecerem, serão apenas com a participação de patrões e empregados.