Cidades

CPI das ONGs pede quebra de sigilos de empresários que tinham contrato com a Finatec

;

postado em 10/06/2008 21:43
O proprietário da empresa de Consultoria e Projetos Intercorp, Luis Antônio Lima, e sua mulher, Flávia Maria Camarero, dona da extinta Camarero & Camarero, vão ter a quebra de seus sigilos bancários e fiscal pedidos à Justiça pela Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado que investiga a atuação das Organizações Não Governamentais (ONGs) e outras entidades sem fins lucrativos. A informação foi dada pelo presidente da CPI, senador Raimundo Colombo (DEM-SC). Segundo ele, a Intercorp fez contrato com a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), da Universidade de Brasília. A CPI ouviu depoimento dos empresários na tarde de hoje (10) na comissão. Raimundo Colombo entende que a compra de projeto da Intercorp pela Finatec, no valor de R$ 14 milhões foi feito de maneira irregular, uma vez que não envolveu licitação. A empresa criou um modelo de "excelência administrativa", conforme Luis Antônio Lima, seu proprietário, o qual foi desenvolvido em prefeituras do interior e de grandes capitais do País. Em muitos casos, eles envolveram somas da ordem de R$ 20 milhões, que rendiam quase a metade do valor para a Intercorp. Luis Antônio Lima defendeu que o trabalho da Intercorp "foi feito de forma legal, sempre com a comprovação de notas fiscais e transferências bancárias", tendo o projeto sido "requisitado pela Finatec que o desenvolvia de forma conjunta". De acordo com o empresário, o modelo permitia que o setor público "rendesse mais, dentro de uma metodologia de melhor gerenciamento", cuja fórmula não soube explicar. Com exceção do senador Heráclito Fortes (DEM-PI), a posição unânime dos senadores presentes à CPI foi de oposição ao contrato. Fortes lembrou que o emprego do sistema de gerenciamento da Intercorp na prefeitura de Recife permitiu que tivessem fim as filas de atendimento do sistema público de saúde do estado. Mas cobrou resultados no seu estado, o Piauí, onde reclamou que "o funcionamento do governo não melhorou com o trabalho levado da parceria Finatec/Intercorp;. Por isso, requereu à CPI documentos sobre a prestação de serviços, incluindo preços e despesas com o deslocamento para o seu estado dos profissionais envolvidos no trabalho. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que, apesar de ser público que a Finatec vendeu o projeto da Intercorp para a prefeitura de Maringá, no Paraná, não consta nos registros do executivo municipal nem o Ministério Público tem qualquer informação sobre o assunto. Ele argumentou que o preço do contrato da Intercorp com a Finatec "é exorbitante, considerando o capital social declarado pela autora do modelo, de R$ 10 mil reais, e o número de funcionários (entre 50 e 60), conforme declarado por Luis Antônio Lima. O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) perguntou "porque um sistema de trabalho novo, sem a comprovação de resultados anteriores poderia valer tanto dinheiro" ao ponto de despertar o interesse da Finatec. Para ele, "tudo é muito suspeito, principalmente porque foi feito sem licitação". O senador Flávio Arns (PT-PR) assevera que a transação da Intercorp com a Finatec "parece um negócio da China, pois se fala em cifras vultosas de R$ 15 milhões, R$ 20 milhões, como se fosse R$ 100 mil ou R$ 200 mil. Enquanto isso, muitos hospitais vêem pacientes morrerem porque não podem comprar equipamentos que custam R$ 1 milhão". Dona da empresa extinta em 2006 Camarero & Camarero, Flávia Maria Camarero disse que constituiu a sociedade para trabalhar com a Intercorp em regime de cooperação. A empresa, segundo ela, foi fechada em 2006 porque cessou a demanda por seus serviços, mas enquanto estava aberta, firmou outros contratos com organizações de São Paulo. O capital da Camarero era de R$ 500 e ela tinha entre 5 e 6 funcionários, segundo Flávia Maria.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação