Cidades

PF investiga segurança no condomínio RK

Federais confirmam que é ilegal o esquema de rondas em condomínio onde um tenente da reserva do Exército atirou em morador. Síndico foi chamado para depor

postado em 20/06/2008 08:31
O esquema de segurança do Condomínio Rancho Karina (RK), em Sobradinho, onde o supervisor de segurança e tenente da reserva do Exército Waldir Medeiros, 48 anos, atirou contra o morador Mário César Landim, 36, na noite da última terça-feira, é ilegal. Agentes da Divisão de Segurança Privada da Polícia Federal (PF) estiveram no local na tarde de ontem para notificar o parcelamento e convocar o síndico responsável pela área para prestar esclarecimentos. O autor dos disparos, que também é morador do RK, não poderia exercer a função por não ser sindicalizado e não ter autorização da PF para fazer ronda armado. Segundo a União dos Condomínios Horizontais, a contratação irregular de militares para fazer a segurança em parcelamentos é comum no Distrito Federal.

Sistema de segurança no Condomínínio RK é ilegal, segundo a PFA tentativa de homicídio teve como precedente um desentendimento durante uma festa no condomínio, no último domingo. Segundo testemunhas, Waldir teria discutido com Marco Aurélio Landim e o irmão dele, César, ao tentar acabar com a confraternização na casa da família. Em depoimento à polícia, o militar contou que, na noite de terça-feira, reencontrou os dois na entrada do parcelamento. Ao ser abordado por César, percebeu uma movimentação suspeita, como se o homem fosse sacar uma arma. Não hesitou, deu um tiro à queima-roupa no peito da vítima. ;Em momento algum meu irmão ameaçou a vida dele (Waldir). Foi atingido de forma covarde;, lembrou Aurélio, que presenciou a cena ao lado do filho de 10 anos. César continua internado no Hospital Regional de Sobradinho, com uma perfuração no pulmão, mas fora de perigo.

Sem licença
Preso em flagrante, Waldir foi conduzido para a carceragem da Polícia do Exército (PE), onde responderá por tentativa de homicídio ; a pena pode chegar a 20 anos de prisão. Segundo informações da 13; DP (Sobradinho), a polícia aguarda apenas o laudo do Instituto Médico Legal (IML) para encaminhar a conclusão do inquérito à Justiça. A entrada da PF no caso diz respeito às irregularidades no esquema de segurança do RK. Segundo o delegado Adelar Anderle, a segurança armada do condomínio não poderia ter sido implantada sem a autorização da polícia. ;No local foi constatado que se tratava de uma empresa clandestina, formada por cerca de 30 pessoas. Notificamos o condomínio e vamos ouvir o síndico;, contou. Os esclarecimentos deverão ser prestados na Superintendência Regional da PF, na próxima segunda-feira.

O síndico do condomínio e coronel do Exército Paulo Roberto Ramos contou que Waldir foi contratado há cerca de quatro meses e exercia o cargo de supervisor de segurança. ;Ele não batia ponto nem era sindicalizado. Eu não conhecia ele antes de contratá-lo;, garantiu. Paulo explica que a segurança na área, onde moram 6 mil pessoas, é feita em quatro turnos. ;Soube que a polícia esteve aqui, mas ainda não fui convocado oficialmente. Não vejo onde está a irregularidade;, declarou ele. O condomínio irregular RK, fundado em 1994, fica na altura do Km 2 da DF-440, e tem uma área de 149 hectares, dividida em 2.041 lotes residenciais e 41 comerciais.

Prática comum
A presidente da União dos Condomínios Horizontais (Unica), Júnia Bittencourt, explica que a segurança dos parcelamentos do DF só podem ser feitas por funcionários do Sindicato dos Empregados de Condomínios do DF. Segundo ela, apesar de os contratados receberem treinamento para exercer a função, a ronda nos parcelamentos não poder ser armada.

;Para os seguranças privados portarem armamentos é preciso autorização da PF. Muitos não têm preparo para fazer o serviço;, explica Júnia. No entanto, ela ressalta que a contratação de terceiros, principalmente de militares, para fazer rondas armadas nos parcelamentos é comum. ;Temos um problema grave de segurança. Mas, apesar da orientação, a norma de só contratar os sindicalizados não é respeitada;, complementou.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação