O clamor por mais segurança marcou, na manhã desta segunda-feira (23/06), o ato ecumênico em homenagem ao professor Carlos Ramos Mota, 44 anos, assassinado na madrugada da última sexta-feira em sua residência no Lago Oeste. "O caso não pode ficar sem solução para não incentivar a impunidade", disse o secretário de Educação José Valente, que participou da cerimônia político-religiosa, realizada no Centro de Ensino Fundamental Lago Oeste, onde a vítima era diretor.
O ato foi celebrado pelo pastor Marinaldo, da igreja Cristo Para as Nações, e contou também com a presença da viúva, Rita de Cássia Pereira, 43 anos, dos três filhos do educador, da deputada distrital Erika Kokay (PT), além de líderes comunitários, funcionários da escola, pais e alunos. Muito emocionada, Rita de Cássia expressou aos participantes a esperança de que este tenha sido "o último ato de barbérie praticado contra um professor" e fez um pedido público para que a segurança seja reforçada no Lago Oeste. O pedido de justiça feito pela viúva e foi compartilhado por todos os professores que assumiram o microfone. Eles cobraram das autoridades que os culpados sejam punidos.
Desde sexta-feira, o clima entre os professores é de receio e insegurança. Nadir Mafra, 43 anos, leciona geografia há quatro anos colégio e atualmente é responsável pela biblioteca. Ela reclama que não há porteiro na escola e que não sabe como serão as atividades de agora em diante.
O secretário José Valente ressaltou que é importante ter calma neste momento tão difícil e não confundir a responsabilidade desse ato brutal. "Essa violência não é da escola, ela reflete a sociedade que está doente em decorrência da degradação da família e do avanço das drogas", argumenta.
Como solução para a tensão que vivem hoje algumas escolas do Distrito Federal, José Valente defende uma "apuração corretiva" dos atos de violência contra professores, identificando e punindo os responsáveis, aliada à implantação contínua de uma cultura da paz. Para ele, agir a partir de levantamentos é o caminho mais adequado a ser trabalhado neste momento.
Sobre as reclamações pontuais apontadas pelos professores, o coordenador de Políticas de Promoção da Cidadania e Cultura da Paz da Secretaria de Educação, Mauro Gleisson, informou que vai agendar para os próximos dias uma visita ao Centro de Ensino Fundamental Lago Oeste para ouvir a demanda e buscar possíveis soluções junto com a comunidade.
O crime
Relatos de parentes e amigos do professor contam que, às 4h10, Mota ouviu barulhos no quintal de sua casa, discou para a emergência da polícia e relatou o que estava acontecendo. No entanto, antes da ajuda chegar, o diretor se dirigiu até a garagem, onde foi atingido por um tiro fatal. Quando o carro da polícia chegou ao local, o professor estava caído, baleado com um tiro perto do coração.
Uma arma foi encontrada próxima ao corpo, mas ainda não se sabe se a arma pertencia à vítima e se o tiro que a atingiu partiu dela. O delegado titular da 35; DP (Sobradinho II), Márcio Michel, responsável pela apuração do caso, informou que aguarda o laudo do IML para saber de quem são as digitais nela encontradas.
A polícia trabalha com várias linhas de investigações, dentre elas as hipóteses de homicídio ou latrocínio (roubo seguido de morte). ;Uma pessoa pode ter tentado se vingar do diretor ou algum assaltante tentou roubar a casa e foi surpreendido pelo professor;, deixou em aberto o delegado.