Cidades

Colegas de trabalho da oficial de justiça contestam versão do algoz

Amigos, funcionários do TRF e familiares compareceram ao funeral no Campo da Esperança para se despedir de Diana Soares

postado em 26/06/2008 08:21
Os colegas de trabalho da oficial de Justiça Diana Soares Ribeiro da Silva, 43 anos, encontrada morta na tarde de terça-feira, não aceitam a versão de que ela teria pedido ao lanterneiro Francisco Carlos do Santos, 27, para matá-la. Alguns afirmam que a relação entre a mulher e o algoz era de extorsão. No Cemitério Campo da Esperança, onde o corpo de Diana foi enterrado na tarde de ontem, o presidente da Associação dos Oficiais de Justiça Avaliadores Federais (Assojaf-DF), Severino Nascimento de Abreu, distribuiu nota oficial na qual a categoria ;refuta com toda veemência a versão (%u2026) de que o crime tenha ocorrido por envolvimento sentimental da colega com o autor confesso do crime;. A polícia continua a investigar essa hipótese, assim como a de que teria ocorrido um latrocínio. A funcionária do Tribunal Regional Federal (TRF) desapareceu na última sexta-feira, data em que familiares e uma amiga do trabalho registraram ocorrência na 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro). No sábado, o caso passou para a Polícia Federal (PF), pela suspeita de Diana ter sido vítima de uma retaliação durante o expediente ; ela entregava mandados judiciais no Gama, em Santa Maria e Valparaíso (GO). Na segunda-feira, agentes federais encontraram o carro de Diana perto da DF-001, próximo ao Gama. Anteontem, após denúncia anônima, agentes da 27ª DP (Recanto das Emas) chegaram a Francisco, que confessou o crime e levou os policiais ao local onde estava o corpo ; um matagal perto da BR-080, logo após a divisa entre DF e Goiás (na estrada que vai para Padre Bernardo). Laudo preliminar do Instituto de Medicina Legal (IML) confirmou que Diana levou dois tiros na cabeça. Cerca de 50 pessoas compareceram ao cemitério para se despedir da servidora federal, que por 20 anos trabalhou no Tribunal Regional Federal (TRF). Abalada, a família preferiu não falar com a imprensa. Colegas de trabalho confirmaram que Diana conhecia Francisco havia aproximadamente dois anos. Segundo uma amiga, que não quis se identificar, ele trabalhava como guia de Diana em regiões como a Estrutural e o Riacho Fundo I e II. ;É comum entre os oficias contratar alguém para ajudar a achar endereços em locais de maior risco;, disse. Com a transferência da vítima para a região do Gama e Entorno, e o fim da parceria entre os dois, as ameaças teriam começado. ;Ela reclamava com alguns colegas. Pediu a transferência para se livrar de Francisco;, contou outro oficial. Duas hipóteses A Polícia Civil trabalha com duas linhas de investigação para esclarecer os motivos que levaram o lanterneiro a matar Diana Soares. A primeira caracteriza um homicídio qualificado, em que a servidora federal, com problemas emocionais graves, teria pedido ao algoz para lhe tirar a vida. Na outra hipótese, um latrocínio, Francisco teria assassinado Diana para ficar com o dinheiro da mulher. ;Amanhã (hoje) devemos ouvir amigos e familiares de ambos os lados para buscar elementos que comprovem uma das duas versões;, contou o delegado titular substituto da 27º DP, Yuri Fernandes. Segundo a assessoria de comunicação da PF, a versão de que ela teria sido vítima de uma vingança por conta do exercício da profissão foi descartada. Segundo os investigadores da 27ª DP, não há dúvidas sobre a veracidade do relacionamento entre Francisco e Diana. Para o delegado Yuri, além de o autor do crime ter afirmado que mantinha um relacionamento amoroso com ela, foram encontradas fotos e documentos na casa dele que reforçam o relato. ;Pode parecer fantasiosa, mas encontramos fotos de Diana na casa dele usando roupas masculinas e bem à vontade. Entrevistas preliminares com pessoas próximas aos dois também confirmam que eles se relacionavam. Mas ainda é cedo para ter certezas;, detalhou Yuri. Na residência do lanterneiro, a polícia encontrou dois comprovantes de transferência bancária de Diana para Francisco ; no valor de R$ 200, em março, e R$ 175, em abril de 2008. Também havia um contrato de locação da casa onde Francisco morava, na Quadra 801 do Recanto das Emas, assinado em setembro de 2006, no nome da oficial. Em entrevista ao Correio, Francisco contou que conheceu a vítima em 2006, após receber uma intimação por estelionato na Estrutural. ;Ela me pediu para mostrar uns endereços na área. Com o tempo, acabamos nos envolvendo;, garantiu. O homem conta que Diana o sustentava em troca do serviço: pagava R$ 300 de aluguel, R$ 50 das contas de água e luz, R$ 53,92 de multa pelos crimes que cometeu e R$ 200 de mesada. Por influência de uma amiga, a oficial de Justiça teria terminado o ;namoro; em janeiro deste ano. ;Ela continuou a me ajudar;, disse ele. Indignados com as declarações, membros da Assojus-DF aproveitaram para protestar contra a falta de segurança da profissão. ;Não temos porte de arma, entramos com nosso carro em lugares que nem a polícia vai e não ganhamos adicional por periculosidade;, reclamou um oficial. Em 3 de julho, às 9h, os profissionais discutirão as condições de trabalho em audiência pública no Senado Federal.

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