postado em 27/06/2008 20:04
A Fundação Nacional do Índio (Funai) acionou a Polícia Federal (PF) para esclarecer a morte da índia xavante Jaiya Pewewiio Tfiruipi, de 16 anos. O Instituto Médico Legal (IML) de Brasília confirmou nesta sexta-feira (27/06) que Jaiya foi vítima de empalação. Ela teve os órgãos internos, como estômago e baço, perfurados por um objeto contundente de 40 centímetros. Segundo o delegado responsável pelo caso, Antônio Romeiro, o objeto atravessou os órgãos sexuais de Jaiya, atingindo as outras partes do corpo. A índia xavante morreu após duas paradas cardíacas, enquanto era operada no Hospital Universitário de Brasília (HUB).
A violência sexual, informou a polícia, ocorreu enquanto Jaiya estava em tratamento no Centro de Apoio à Saúde Indígena, no Gama. Com dificuldades neurológicas - seqüelas de meningite -, a índia não falava nem andava. Estava no local com a mãe, Carmelita, e a tia Maria Imaculada, há cerca de um mês. Elas vieram da Aldeia São Pedro, em Campinápolis (MT). O corpo de Jaiya foi levado hoje para ser enterrado na aldeia.
Romeiro passou a tarde colhendo depoimentos de funcionários que estavam no centro no momento em que a índia foi vítima de violência sexual. "Estamos trabalhando para esclarecer o caso, mas não há suspeitos no momento", disse. Responsável pelo lugar, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) informou, em nota, que o local tem vigilância 24 horas e que, no dia do crime, 56 pessoas estavam hospedadas.
A enfermeira chefe da casa, Elenir Coroaia, admitiu a possibilidade de ter ocorrido um ritual entre os xavantes. "Culturalmente, alguns povos não aceitam quem tem problemas. Mas não é possível afirmar que foi ou não isso", disse. Já o delegado responsável pelo caso afirmou, por telefone, não acreditar nesta possibilidade. "O crime foi cometido por alguém que estava na casa", disse.
O presidente da Funai, Márcio Meira, lamentou a morte da jovem indígena e afirmou que todas providências para encontrar os culpados foram tomadas com a Funasa.
O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que a PF entrará no caso e que fará uma investigação rigorosa. "A PF vai investigar, rigorosamente, e, quando estiver pronto o processo, levará ao Ministério Público (MP) e à Justiça para que punição compatível com a barbárie que o crime representa seja dada", disse.