Cidades

Crime contra índia Xavante foi cometido na Casai

;

postado em 28/06/2008 09:23
A violência cometida contra a índia Jaiya Pewewiio Tfiruipi Xavante, 16 anos, ocorreu dentro da Casa de Apoio à Saúde Indígena do Distrito Federal (Casai), no Gama. Informações levantadas pela Polícia Civil do DF confirmam que a adolescente não deixou o local entre a noite de terça (24/06) e a madrugada de quarta-feira (25/06), data provável do crime. Também nenhuma pessoa estranha visitou o abrigo no horário. Apenas familiares ; a mãe, Carmelita, e a tia Maria Imaculada Xavante ; a acompanhavam e poderiam esclarecer o mistério. Mas voltaram à aldeia São Pedro, em Mato Grosso, para o enterro da menina. Jaiya morreu no fim da manhã da última quarta-feira em decorrência de uma infecção generalizada. Exame preliminar feito pelo Instituto de Medicina Legal (IML) detalhou a violência usada no crime. A adolescente, de 1,35m, 33kg e com problemas neurológicos e motores por causa de uma meningite, teve os órgãos sexuais perfurados por objeto de cerca de 40cm de comprimento. O ataque provocou rompimentos no estômago, baço e diafragma. A vítima recebeu atendimento de emergência no Hospital Universitário de Brasília (HUB), mas não resistiu a duas paradas cardíacas. Para o delegado-chefe da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), Antônio Romeiro, o responsável pela barbárie tinha intenção de matar Jaiya. ;Parece que o objetivo era provocar graves lesões e a morte da vítima;, afirmou. Ao contrário do que disse quinta-feira, no entanto, o policial hoje tem dúvidas se houve estupro e atentado violento ao pudor contra a menina. ;A violência sexual é questionável, mas é preciso esperar o laudo definitivo. O que sabemos é que não havia ninguém estranho na casa. E é possível que ela (a índia) não tenha ficado sozinha em nenhum momento;, avaliou Romeiro. Agentes da 2ª DP vasculharam ontem mais uma vez o quarto da índia e os arredores da Casai. Encontraram bambus, flechas e pedaços de pau, objetos que poderiam ser usados para matar Jaiya. Para investigadores envolvidos no caso, tudo leva ao ambiente familiar. Eles estranham o comportamento dos parentes da vítima, que negam ter havido qualquer violência na madrugada de quarta. ;Eles ficam mudos quando perguntamos o que houve naquele dia. Se o crime tivesse sido cometido por alguém de fora, os índios teriam declarado guerra e fechado a rodovia;, contou um dos agentes. Vigilância Os vigilantes que fazem a segurança da Casai disseram ao Correio ser impossível que pessoas estranhas tenham estado no local. Eles garantiram que os dois prédios são vigiados 24h. Um dos que fazia plantão na madrugada de quarta-feira contou que, por volta das 3h, começou uma grande movimentação no quarto onde Jaiya dormia com a mãe e a tia. A menina chorava e vomitava. O barulho acordou os outros índios. A menina foi medicada pelas enfermeiras do abrigo ainda no quarto, que costumava ficar trancado. Ela deixou o local em direção ao HUB acompanhada da mãe por volta das 9h. A polícia também se concentrou em depoimentos de pessoas que acompanharam o sofrimento da índia. Ouviu dois vigias e uma técnica de enfermagem do abrigo do Gama, além de duas parentes próximas da garota. A enfermeira foi quem sugeriu a ida da adolescente ao HUB, logo depois de examiná-la por conta de reclamações de dores abdominais. Os esclarecimentos das outras mulheres, que falam mal o português, tiveram o acompanhamento da chefe da Casai no DF, Elenir Oroaia. O conteúdo das informações não foi revelado pelos investigadores. Jaiya, a mãe e a tia estavam no Distrito Federal para tratamento da lesão neurológica grave no Hospital Sarah Kubitschek, na Asa Sul. A família xavante chegou de Mato Grosso ao abrigo especial em 28 de maio e, desde então, cumpria o trajeto Gama-Plano Piloto. A instituição é mantida pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e serve como hospedagem aos indígenas em tratamento hospitalar na capital do país pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A vítima estava no DF sob a responsabilidade do governo federal.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação