postado em 28/06/2008 15:36
O corpo da menina Jaiya Pewewiio Tfiruipi Xavante, 16 anos, chegou a Barra dos Garças, no Mato Grosso, por volta das 2h da madrugada deste sábado (28/06). Lá, uma equipe da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), responsável pela Casai, já aguardava para continuar o trajeto até a aldeia São Pedro, no município de Campinápolis, a cerca de 330km dali. É ali que a menina vivia. Ela estava em Brasília para tratamento no Hospital Sarah Kubitschek desde 28 de maio. O motorista do carro da funerária disse ao Correio que, em Barra dos Garças, corria a notícia de que os índios da aldeia estavam "exaltados e revoltados com o crime". A previsão era que o corpo chegasse ao destino às 5h deste sábado. O carro da funerária seguiu acompanhado de uma caminhonete da Funasa. Nela, estavam uma enfermeira da fundação, a mãe, uma irmã e um sobrinho da menina.
Adolescente índia teria sido morta pela própria tia
O assassinato da índia Jaiya Xavante, 16 anos, que morreu nesta quarta-feira (25/06), no Hospital Universitário de Brasília pode ter sido esclarecido: uma fonte da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) informou que a adolescente foi morta pela própria tia, Maria Imaculada Xavante. Oficialmente, a Funasa nega a informação.
Maria Imaculada é uma das três irmãs casadas com o pai de Jaiya. Num acesso de ciúme do marido, ela teria empalado a jovem, ou seja, introduzido um vergalhão de ferro de aproximadamente 40 centímetros no órgão sexual da sobrinha. A informação já é do conhecimento da Polícia Civil, que investigava o crime antes que a Polícia Federal assumisse o caso, a partir desta sexta-feira (27/06).
O crime teria ocorrido por volta das 3h da manhã desta quarta-feira na Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casi). Jaiya morreu sete horas depois no HUB, vítima de infecção generalizada. Ela teve baço, estômago e diafragma perfurados.
A suposta autora do crime é inimputável por ser índia, ou seja, não poderia ser presa e processada. Entretanto, nesta sexta-feira o diretor de Saúde Indígena da Funasa, Wanderley Guenka, defendeu a punição mesmo se o autor do crime fosse um índio.
Jaiya estava em Brasília com a mãe, a tia e uma irmã, para tratamento das seqüelas de meningite sofrida na infância, que a deixaram muda e paralítica (locomovia-se em cadeira de rodas), devido a lesões neurológicas.
As três irmãs são casadas e vivem com o pai de Jaiya, conforme um costume tribal, informou a mesma fonte da Funasa. Ela não soube explicar, no entanto, o que teria provocado o ataque de fúria em Maria Imaculada, que acabou por assassinar a sobrinha. A própria mãe da jovem estaria tentando encobrir a autoria do crime praticado pela irmã.
Desde maio, Jaiya estava na Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casi), localizada perto da cidade do Gama, para tratamento no Hospital Sarah Kubitschek. Ela morava com a família na aldeia São Pedro, no município de Campinápolis, em Mato Grosso, para onde o corpo foi trasladado hoje à tarde, depois de ser liberado pelo Instituto Médico Legal (IML) de Brasília.