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Embrapa Cerrado desenvolve três híbridos de supermaracujás

Frutos invulneráveis a pragas, mais ricos em vitamina C e com alto poder de manter o vigor nas prateleiras são as novas conquistas da genética no campo

postado em 30/06/2008 08:50

Os índios de origem tupi o chamavam de mara kuya, que numa tradução literal pode ser entendido como ;alimento em forma de cuia;. Depois ganhou o nome de maracujá, em português. O fruto, que pode ser de cor amarela ou avermelhada, guarda no seu interior uma polpa repleta de sementes muito usada na produção de sucos. A cultura popular difundiu as propriedades calmantes da bebida e da fruta em si, que começou a ser produzida em escala comercial a partir da década de 1970. Nos últimos 20 anos, a unidade Cerrados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Brasília, tem se esforçado em produzir um maracujá mais saboroso, resistente e produtivo.

O trabalho realizado por aproximadamente 20 pesquisadores resultou na criação de três híbridos da fruta, que receberam nomes inspirados: BRS Gigante Amarelo, BRS Ouro Vermelho e BRS Sol do Cerrado. A sigla que acompanha os nomes dos novos espécimes é o vínculo do produto à marca da Embrapa Cerrados. Os frutos apresentam qualidades superiores as dos maracujás comuns. Possuem maior resistência, tolerância à doenças, menor dependência de polinização artificial, maior longevidade, vigor e alta produtividade.

Na prática, os híbridos devem aumentar a oferta da fruta porque, entre outros motivos, são mais resistentes ao transporte e podem ficar mais tempo nas prateleiras, assim como agradar aos consumidores, já que apresentam maior quantidade de vitamina C e bom rendimento de polpa. Os novos maracujás podem ainda movimentar a economia. Além dos custos reduzidos de produção, a renda dos produtores deve aumentar com a economia no uso de defensivos agrícolas e a maior oferta. Isso fará com que o produto possa ser repassado para o consumidor a preços reduzidos.

O desenvolvimento dos híbridos pela Embrapa Cerrados contou com a participação de unidades de pesquisas de diferentes regiões do Brasil, como São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso, Pará e Paraná. O processo utilizou técnicas de melhoramento genético convencionais. ;Procuramos trabalhar com a seleção das melhores sementes para chegar ao melhor fruto. Como precisamos plantar para colher os resultados, cada teste levou em média dois anos;, detalhou o geneticista e pesquisador da Embrapa Cerrados Fábio Faleiro.

Sucesso
O pesquisador aposta no sucesso dos híbridos no mercado interno. ;Eles poderão ser vendidos individualmente nas prateleiras de supermercados ou em grandes quantidades para indústrias de sucos. Os produtores podem ainda vender sua polpa em saquinhos;, argumentou Fábio. Ele também acredita que a nova série de maracujás terá sucesso lá fora. O geneticista destacou o crescimento de indústrias de sucos naturais no mercado externo, que demandam frutas de países tropicais como o Brasil.

Produtores de Goiás, São Paulo, Paraná, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Pará, Mato Grosso e Amazonas já tiveram a oportunidade de colher os frutos dos híbridos. Entre eles, estão agricultores da região de Cabeceiras (GO), município a 130km de Brasília. Os três tipos de maracujás, plantados por uma cooperativa agrícola que reúne 21 produtores familiares, tiveram uma primeira safra bem-sucedida. O plantio feito no final de agosto do ano passado rendeu frutos em dezembro. A cooperativa participou das pesquisas de desenvolvimento dos híbridos, lançadas oficialmente no último dia 29.

As sementes dos três híbridos do maracujá já estão disponíveis na unidade Embrapa Transferência de Tecnologia, que tem escritório em Campinas. Cada saquinho contém 25g do material que germinará maracujazeiros pelo espaço de um hectare. Mudas dos novos exemplares também podem ser encontradas em viveiros da cidade. Mas os consumidores precisam verificar, na hora da compra, se a planta possui o certificado da Embrapa.

O pesquisador Fábio Faleiro faz alertas a quem se interessar em começar uma lavoura de maracujás. ;Não se pode chegar e sair plantando de qualquer jeito na crença de que os maracujazeiros serão bem-sucedidos porque a espécie é mais resistente. É preciso procurar cooperativas e conhecer as técnicas de plantio;, avisou. Uma grande plantação da fruta exige a montagem de um aparato complexo. Como o maracujá tem origem em uma planta trepadeira, é necessário erguer uma estrutura na qual os galhos possam se agarrar. Além disso, precisa-se ter noção de espaçamento entre as mudas, além de obter outros conhecimentos técnicos.

Características dos híbridos

BRS Ouro Vermelho
Apresenta maior quantidade de vitamina C com a polpa de um amarelo de cor forte

No Distrito Federal, a produtividade pode chegar a 40 toneladas por hectare no primeiro ano de lavoura, sem polinização manual

Tolerante a doenças foliares, inclusive virose

BRS Sol do Cerrado
Fruto de cor externa amarela brilhante ideal para mesa e indústria

Sua produtividade, no DF, também pode chegar a 40 toneladas por hectare no primeiro ano de lavoura, sem polinização manual

Tolerante a doenças foliares, como bacteriose, mas suscetível a doenças causadas por patógenos de solo

BRS Gigante Amarelo
Maracujazeiro-azedo de alta produtividade

No Distrito Federal, sua produtividade atinge cerca de 42 toneladas por hectare no primeiro ano de lavoura, sem polinização manual

Tem tolerância à antracnose e bacteriose, mas é suscetível a virose, verrugose e doenças causadas por patógenos de solo

Para plantar
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--> <-- --> Quem tiver interesse em fazer reserva de sementes dos híbridos de maracujá pode procurar a Embrapa Transferência e Tecnologia pelo e-mail sac@campinas.snt.embrapa.br ou pelo telefone (19) 3749 8888.

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