postado em 02/07/2008 08:42
Dois brasilienses são acusados de liderar uma quadrilha considerada a maior fornecedora de LSD e ecstasy em Pernambuco. Um deles, Roberto de Medeiros Guimarães Neto, 28 anos, mora em Recife há três. Lá ele é conhecido como Betão. Está preso desde segunda-feira (30/06). O outro, Ubirajara de Castro Júnior, da mesma idade, reside no Distrito Federal e estuda educação física em uma universidade particular de Brasília. Ele conseguiu fugir , mas é procurado em todo o estado.O bando foi desarticulado pela polícia pernambucana na tarde da última segunda-feira, quando mil pontos de LSD, 500 comprimidos de ecstasy, 300 gramas de haxixe e 100 gramas de maconha foram apreendidos com Roberto e outro acusado. Os dois e a namorada do brasiliense, a estudante de direito Klivia Fabianne Gomes da Rocha, 26, acabaram detidos em Recife. Essa é a maior apreensão de drogas sintéticas no estado este ano. A carga está avaliada em R$ 60 mil. Só a quantidade de LSD que estava com o grupo é cinco vezes maior que o montante flagrado pela polícia brasiliense em todo o DF no primeiro quadrimestre deste ano.
Na ação de segunda-feira, os policiais pernambucanos prenderam primeiro Lúcio Fernando Almeida West, 24. O flagrante ocorreu perto do Aeroporto Internacional dos Guararapes. O suspeito havia acabado de chegar do Rio de Janeiro com os mil pontos de LSD apreendidos logo em seguida. ;Ele levaria o produto para a casa do Betão. Foi assim que chegamos até o rapaz de Brasília;, acrescentou o delegado Francisco Filho, chefe da Delegacia de Repressão ao Narcotráfico de Recife.
Os comprimidos de esctasy, o haxixe e a maconha estavam na casa de Roberto, segundo os investigadores. O rapaz morava com a namorada em um apartamento no bairro de Boa Viagem, área nobre da capital pernambucana. No momento da abordagem, o casal e Ubirajara estavam na sala do imóvel. ;Enquanto revistávamos o local, Ubirajara conseguiu fugir pela porta dos fundos. Fomos com poucos agentes para não chamar a atenção e cometemos um equívoco;, justificou Francisco Filho. Ele entrou no apartamento com três policiais.
O delegado acredita que Ubirajara ainda esteja em Pernambucano. ;Ele fugiu sem dinheiro. Por isso continuamos a procurá-lo no estado;, explicou o delegado. Já Betão não trabalhava nem estudava, segundo Francisco Filho. Na delegacia, o jovem disse ser filho de um ;funcionário de alto escalão do Senado Federal;. ;Sabemos que ele foi mandado para Recife pela família porque estaria se envolvendo com drogas no DF;, comentou o delegado, sem confirmar a informação sobre a função do pai do acusado.
O apartamento do brasiliense seria a base da quadrilha, de acordo com a investigação. De lá, outros integrantes do bando distribuíam o produto para jovens de classe média alta, principalmente em festas e boates. Cada ponto de LSD era vendido, em média, a R$ 45. Ainda no imóvel de Betão, os policiais apreenderam duas balanças de precisão, um computador portátil, sete celulares e agendas pessoais. Os policiais analisam as anotações para identificar prováveis clientes.
Roberto e Lúcio estão presos no Centro de Triagem de Abreu e Lima (Cotel) desde terça-feira. No mesmo dia, Klivia foi para a Colônia Penal Feminina. Eles e Ubirajara vão responder por tráfico de entorpecentes, cuja pena varia de cinco a 15 anos de detenção, e por associação ao tráfico, que prevê de três a 10 anos de prisão.
Na mochila
A ação de segunda-feira foi a segunda etapa da operação intitulada Confeitaria e desencadeada em abril pela Delegacia de Repressão ao Narcotráfico de Recife. Na época, os agentes prenderam 18 pessoas portando drogas em uma rave ; festa embalada por música eletrônica. ;A maioria que estava com os produtos sintéticos afirmou que o fornecedor era o Roberto;, contou Francisco Filho.
Em quatro meses de investigação, a polícia identificou Ubirajara como o transportador das drogas. Nesse período, ele viajou duas vezes de Brasília a Recife levando os produtos em uma mochila. Segundo o delegado, o estudante se hospedava na casa de Betão até que tudo fosse vendido. ;Ele só retornava com o dinheiro no bolso;, completou Francisco Filho. Ele disse que Ubirajara transportava até 1 mil comprimidos de ecstasy e meio quilo de haxixe por viagem.
O delegado e a Polícia Civil do DF não identificaram processo ou mandado de prisão contra os dois brasilienses. Ubirajara, no entanto, respondeu um inquérito por lesão corporal e desacato a autoridade. A polícia de Recife ainda não entrou em contato com a corporação do DF. ;Faremos essa parceria com os agentes de Brasília para identificarmos se quadrilha também agia na capital federal ou em outros estados. Como drogas como LSD vêm do exterior, teremos também a ajuda da Polícia Federal;, completou Francisco Filho.