Cidades

Donos de bar vão à Justiça contra lei seca

Em assembléia, donos de bares e restaurantes decidiram que não oferecerão transporte aos fregueses. Quem beber terá de encontrar por conta própria uma maneira de voltar para casa

postado em 03/07/2008 08:11
Os empresários do setor de bares e restaurantes decidiram ontem em assembléia que não vão oferecer transporte gratuito aos clientes que consumirem bebidas alcoólicas. Como muitos donos de estabelecimentos adotaram a iniciativa por conta própria, o sindicato marcou a reunião de ontem para discutir o assunto. Mas, depois de um debate acalorado, os empresários resolveram não arcar com o ônus da nova legislação. Eles reclamam da rigidez da lei e anunciaram que recorrerão à Justiça para tentar derrubar a proibição total de ingestão de bebidas alcoólicas pelos motoristas. O presidente do Sindhobar, Clayton Machado, disse que a responsabilidade de oferecer opções de transporte à população é do governo. ;É obrigação do Estado garantir transporte e segurança pública à sociedade e o empresário não vai arcar com essa responsabilidade. Vamos ter que jogar para a clientela a responsabilidade de voltar para casa com segurança;, explica Clayton. De acordo com o sindicato, a medida já está causando demissões e prejuízos ao setor. O Sindhobar informou que o faturamento dos bares e restaurantes caiu 50% nos últimos 10 dias e que pelo menos 100 funcionários já foram demitidos. ;O governo está misturando cidadãos de bem, que bebem socialmente, com as pessoas criminosas, que dirigem completamente embriagadas;, critica Clayton. A Secretaria de Transporte ainda analisa a possibilidade de aumentar o número de linhas noturnas para atender os boêmios. Mas a medida é de difícil implantação, já que a maioria dos freqüentadores de bares do Plano Piloto, por exemplo, não usa ônibus para ir ou voltar para casa. A criação de linhas para circular à noite só será implantada caso o serviço se mostre viável economicamente. O secretário de Transporte, Alberto Fraga, que é contra a proibição total de ingestão de bebida alcoólica pelos motoristas, explica que vai esperar pelo menos mais 30 dias para observar qual será a demanda real. ;Acho que a lei ficou muito rígida e acredito que ainda haverá mudanças. Independentemente disso, precisamos estudar a viabilidade das linhas. Não adianta colocar ônibus porque o público que sai para beber no Plano Piloto certamente não vai usar os coletivos;, justifica. Telebebum Em Belo Horizonte, por exemplo, o Sindicato dos Condutores Autônomos vai apresentar um projeto à prefeitura para implantar serviço de táxi-lotação. Os taxistas querem criar rotas pelos bairros mais movimentados para que os carros circulem cheios. Assim, o preço por passageiro cai, em alguns casos, para a quantia de R$ 5. O sujeito volta para casa sem ter problemas com blitzes e sem gastar muito dinheiro. Diante da falta de opções dos motoristas, um grupo de taxistas que trabalha no ponto da CLS 313 decidiu ampliar a rotina de trabalho para atender a demanda dos freqüentadores de bares e restaurantes. Eles acabam de criar o que chamaram de ;Telebebum;. Colocaram o telefone 3346-4812 à disposição dos boêmios, 24 horas por dia. A idéia é levar em casa aqueles que não abrem mão de uma taça de vinho ou de um copo de cerveja. O ponto de táxi está sendo equipado para o terceiro turno: os motoristas acabam de comprar um beliche e vão instalar uma TV no local, para que os taxistas possam esperar pelos clientes com comodidade. O taxista José Carlos dos Santos, 53 anos, está na profissão há sete anos. Ele enxergou uma grande oportunidade de negócio na proibição de dirigir depois do consumo de álcool. Os panfletos e adesivos para os carros com a inscrição ;Telebebum; já foram encomendados. ;Sou a favor da lei, acho que é importante para evitar acidentes. Para nós é positivo também porque vai aumentar o movimento;, avalia. ;Vamos oferecer um chazinho ou um doce para a pessoa já chegar em casa em boas condições;, brinca o colega Domiciano de Sousa Neres, 58 anos.

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