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Exposição Vida, arte e movimento apresenta trabalhos de Athos Bulcão

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postado em 03/07/2008 08:55

Athos Bulcão é conhecido pelos belos azulejos que colorem diversos monumentos da capital. Mas a obra do artista plástico, que completou ontem 90 anos, vai muito além disso. Para celebrar o aniversário e revelar ao público todas as facetas do criador, as fundações Athos Bulcão e Assis Chateaubriand abriram nesta quarta-feira (2/07) a exposição Vida, arte e movimento. Vinte e dois trabalhos do artista, entre máscaras, serigrafias, aquarelas e os famosos azulejos, podem ser vistos até 31 de julho no Espaço Chatô, no prédio anexo ao do Correio Braziliense.

Exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira no Espaço ChatôA abertura da mostra se transformou em uma festa de aniversário para Athos, que não esteve presente, mas ganhou parabéns, bolo de aniversário e até uma homenagem da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). A ECT lançou um selo e um carimbo comemorativos aos 90 anos do artista.

O evento reuniu, no terraço de 800 metros quadrados do Espaço Chatô, o secretário de Cultura, Silvestre Gorgulho, o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no DF, Alfredo Gastal, o dramaturgo Hugo Rodas, entre outras personalidades. Também prestigiaram o lançamento muitos admiradores do trabalho do mestre carioca que há 50 anos adotou a capital federal como seu lar (leia personagem da notícia).

As obras estão no interior do centro cultural, distribuídas em uma área de 90 metros quadrados, e retratam diferentes períodos da carreira de Athos, como a pintura Vaso de Flores, de 1941, e o projeto feito para o teto da capela do Palácio do Alvorada, de 1959. Os visitantes poderão adquirir produtos estampados com criações de Athos ; cerâmicas, azulejos, sandálias e gravuras.

Durante a inauguração da mostra, a presidente da fundação Athos Bulcão, Cláudia Pereira, lembrou a forte ligação de Athos com a cidade. ;Athos está presente em palácios, igrejas, praças e estações de metrô. Por isso, nada mais democrático que a sua arte. Brasília e Athos são um a cara do outro. Precisamos aproveitar essa oportunidade para lançar uma bandeira pela construção da sede da fundação;, disse. Na semana passada, a fundação recebeu uma carta da Secretaria de Cultura do DF pedindo a desocupação do espaço ocupado há 14 anos.

O diretor-presidente do Correio Braziliense, Álvaro Teixeira da Costa, elogiou a exposição e manifestou o apoio à criação de uma sede para a fundação. ;Essa é uma homenagem mais do que justa. Vamos dar todo o apoio para esse projeto. Athos é um dos símbolos de Brasília e a perpetuação de sua obra passa também pela construção de um local para abrigar sua arte;, defendeu.

O artista, que se trata do mal de Parkinson no Hospital Sarah Kubitschek, recebeu no fim da tarde de ontem a visita da amiga e secretária-executiva da Fundação Athos Bulcão, Valéria Cabral. Ela lhe entregou um exemplar do selo da ECT e o parabenizou pessoalmente, além de contar os detalhes da abertura da mostra. No próximo domingo, um grupo de amigos e familiares planeja uma comemoração no quarto do hospital com direito a bolo e parabéns.

Para o secretário Silvestre Gorgulho, a preservação das obras do artista é uma tarefa de toda a população do DF. ;É preciso uma maior educação e um compromisso de toda a sociedade para a conservação da obra desse artista tão importante para a cidade;, afirmou.

Agenda
Durante as comemorações de aniversário de Athos Bulcão, serão realizadas também oficinas de arte para estudantes das escolas, que participam do Programa Leitor do Futuro, programa educacional do Correio desenvolvido pela Fundação Assis Chateaubriand. A proposta é que as crianças produzam painéis inspirados pelo trabalho do artista.

Outra parte da programação será a realização de palestras com arquitetos e pessoas ligadas ao trabalho de Athos: Sérgio Parada, Tetê Catalão e Cláudio Queiroz. A exposição Vida, arte e movimento poderá ser visitada gratuitamente de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h. O Espaço Chatô está localizado no Setor de Indústrias Gráficas (SIG), Quadra 2, Lote 340.

Apaixonado por Brasília
;Athos Bulcão nasceu em 2 de julho de 1918, no Rio de Janeiro. Aos 18 anos, ingressou na Faculdade de Medicina, que abandonou três anos depois quando decidiu se dedicar à carreira artística. Foi na casa do paisagista Burle Marx que conheceu o arquiteto Oscar Niemeyer, de quem se tornou amigo e parceiro de muitos trabalhos. Em 1957, recebeu um convite de Niemeyer: colaborar na construção da nova capital da República. Em agosto do ano seguinte, mudou-se definitivamente para a cidade pela qual se apaixonou.

O artista também tem forte ligação com a Universidade de Brasília (UnB), onde trabalhou entre 1963 e 1965 como professor do Departamento de Desenho do Instituto Central de Artes. Ele pediu demissão com outros 200 docentes em um protesto coletivo contra a repressão da ditadura militar. Em 1988, voltou a lecionar no instituto. Para cuidar do importante acervo do mestre, um grupo de amigos e admiradores de sua obra fundou, em 1992, a Fundação Athos Bulcão, destinada a preservar e divulgar sua arte e seu nome. Em agosto, Athos Bulcão celebrará 50 anos desde que escolheu Brasília como sua casa.

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