Cidades

Pesquisa da UnB mostra contaminação de saladas em self-services

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postado em 03/07/2008 10:58
Conciliar uma alimentação saudável com o almoço fora não é uma tarefa tão fácil, como pode parecer. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília em 10 restaurantes do Plano Piloto constatou, em todos eles, a contaminação da salada por coliformes fecais e até salmonela. As amostras de alface e tomate, duas das hortaliças mais consumidas pelo brasileiros, foram recolhidas entre os meses de março e abril em cinco self-services da Asa Sul e cinco da Asa Norte.

;Todas as amostras apresentaram contaminação acima dos limites permitidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa);, informou a estudante de Agronomia Cecília da Silva Rodrigues, responsável pela pesquisa sob orientação da professora Ana Maria Resende Junqueira. Ela explica que foram avaliados estabelecimentos destinados a públicos diferenciados, de mais populares a refinados (em shoppings), mas os nomes não podem ser revelados.

O que mais chamou da pesquisadora foi o alto grau de contaminação. Na atual legislação, a concentração aceitável de coliformes fecais é de 100 colônias por grama, mas os resultados em laboratório mostraram números 24 vezes maiores. "Em todos os casos foram encontrados índice igual ou superio a 2.400 colônias", alerta. Nessas condições, o consumo do produto pode causar diarréia, febre e vômitos.

Segundo Cecília, é difícil afirmar em que momento ocorre à contaminação da alface e do tomate. Porém, podem-se inferir algumas causas da contaminação. Por exemplo, na manipulação do alimento na cozinha. ;Os funcionários devem estar com a mão limpa e o local, higienizado; observa.

Na próxima semana, os donos dos restaurantes estudados serão convidados para uma palestra, onde serão apresentados os resultados, acompanhados de sugestões de mudanças para diminuir e até eliminar a contaminação. Para Cecília, existem estratégias para melhorar a qualidade da comida nos self-services. Os estabelecimentos, por exemplo, devem treinar seus funcionários e primar pela limpeza. ;Os donos precisam se informar dos perigos que esses alimentos podem veicular e os danos à população;, diz. Por outro lado, a Vigilância Sanitária também pode intensificar a fiscalização.

O consumidor deve ficar atento estar à superfície onde fica a salada, que de preferência deve ser refrigerada. Esse procedimento evita que a hortaliça se aqueça à temperatura ambiente e, conseqüentemente, que as bactérias se proliferem. Caso o estabelecimento não ofereça esse recurso, Cecília sugere que o cliente vá ao restaurante entre 11h30 e meio-dia. ;Quanto mais tarde, pior o estado da alface e do tomate. Se a pessoa chega depois das 13h30 com certeza o alimento estará contaminado;, afirma.

Fiscalização
Diante da constatação, a vigilância Sanitária do Distrito Federal fará um controle mais rigoroso da forma como esse produto está sendo colocado à população. O diretor do órgão, Laércio Cardoso, informou que a partir da próxima semana amostras de saladas serão recolhidas para serem analisadas no Laboratório Central de Saúde Pública do DF (Lacen). Caso a contaminação seja confirmada, o responsável pelo estabelecimento será notificado e, dependendo da condição, até mesmo autuado.

Na opinião de Laércio, se há alimentos sendo colocado de forma inadequada ao consumidor não é por falta de esclarecimento da Vigilância Sanitária, que faz fiscalizações de rotina exigindo o cumprimento do manual de boas práticas por parte dos self-services. O diretor ressalta ainda que o cuidado deve começar muito antes da cozinha. "Os donos de restaurantes têm que fazer uma triagem dos fornecedores, saber em que condições esses alimentos são produzidos, principalmente dos que são oferecidos crus", orienta.

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