postado em 04/07/2008 08:44
A Capela Nossa Senhora Aparecida, no Núcleo Bandeirante, está reformada e pronta para retomar as cerimônias religiosas. Mais conhecido como Capelinha da Metropolitana, em alusão ao bairro onde foi construído, o barracão de madeira pegou fogo em novembro do ano passado e ficou completamente destruído. A igreja estava desativada desde 2005 e, malcuidada, havia se tornado abrigo informal para moradores de rua. A data da inauguração não está definida, mas deve ser marcada até o fim do mês.
O incêndio acabou com a estrutura da igreja, que precisou ser totalmente refeita. As cores e materiais são iguais aos originais: frente de madeira, fundos de alvenaria, fachada azul, janelas e portas brancas. O tamanho e a posição no terreno continuam os mesmos, assim como a capacidade do templo, de 120 pessoas, no máximo. A capela fica em uma área tombada pela Diretoria de Patrimônio Histórico e Artístico do DF (Depha), por isso as proporções do prédio tiveram que ser mantidas.
Moradores da Vila Metropolitana que vieram a Brasília para trabalhar nas obras da cidade começaram a erguer a igreja em 1956. A primeira missa ocorreu em 9 de março daquele ano, mas o templo só ficou pronto em 1959. Com o crescimento do Núcleo Bandeirante, a capela deixou de suportar a quantidade de fiéis que assistiam às missas. A população levantou um prédio maior em um terreno do outro lado da rua, onde até hoje são feitos os encontros religiosos.
Cerimônias especiais
Os moradores da região estão ansiosos pela retomada das atividades no local. A auxiliar de educação Rosimar Ferreira de Santana, 52 anos, freqüenta a capela há 26 e batizou os três filhos lá. ;A igreja significa muito para nossa comunidade, queremos preservá-la. Ela faz parte da nossa história e acho que a reforma ficou linda;, disse. Rosimar defende que o novo prédio só seja usado para cerimônias especiais, como casamentos e batizados, porque não há lugar para os mais de 200 fiéis que vivem nas proximidades da pequena igreja.
A missa dominical, que chega a reunir 300 pessoas, ficará restrita ao prédio maior. Segundo o pároco da cidade, padre Paschoal Andreiuolo, é possível que as missas de sábado sejam feitas na Capelinha, pois costumam atrair menos fiéis. ;Vamos designar alguns dos padres da paróquia para celebrar as missas quando a capela estiver aberta. Ela é uma relíquia, é muito querida por toda a população;, comentou o pároco. Atualmente, oito padres atuam no Núcleo Bandeirante.
Antes do incêndio, os governos local e federal haviam liberado verba de R$ 150 mil para restaurar a capela. Com o acidente, a obra cresceu e o valor gasto alcançou R$ 250 mil. A reconstrução levou quatro meses para ficar pronta. ;O trabalho foi o mais fiel possível, mas algumas alterações foram feitas respeitando as proporções. O resultado foi muito satisfatório;, disse o diretor do Depha, José Carlos Coutinho. A construtora fez uma fundação de concreto com vigas de sustentação que não existiam antes para reforçar a estrutura.
Prédio original
Segundo Coutinho, a restauração tornou-se possível graças a um projeto com detalhes do prédio original. O próximo passo é recuperar o jardim da praça e deixá-lo como era antes. Os bancos e os bloquetes da calçada também serão arrumados para a inauguração. Os móveis da capela ficarão por conta da comunidade e da paróquia do Bandeirante. Os bancos usados antes da interdição foram retirados em 2005 e é preciso comprar novos. Futuras mudanças físicas na capela só poderão ser feitas com autorização do Depha. ;A igreja é um marco da memória necessário para evocar a história da Vila Metropolitana;, justificou Coutinho.
De acordo com o administrador do Núcleo Bandeirante, Lino Neto de Oliveira, as causas do incêndio que destruiu o prédio tombado nunca foram esclarecidas. Como o local era freqüentado por moradores de rua, suspeita-se que o fogo possa ter começado a partir de restos de cigarro aceso. Apesar disso, a comunidade está animada por ter a capela de volta. ;Usamos o mesmo tipo de madeira e de telhas, então ficou muito boa. Ela já não estava mais em condições de atender aos fiéis. Vamos revitalizar a praça;, disse Lino. O administrador adiantou que o galpão construído em 2005 para acomodar as missas está em processo de regularização e continuará sendo utilizado pelos moradores.