postado em 04/07/2008 08:48
Pelo menos 19 mil crianças brasilienses com menos de um ano imunizadas contra a febre amarela durante o surto da doença, no fim de 2007 e início de 2008, terão que receber outra dose contra a doença. As autoridades de saúde pública dizem que o reforço é necessário porque o sistema imunológico do ser humano só está formado aos 12 meses. A partir dessa idade, a vacina vale por 10 anos.A Secretaria de Saúde do Distrito Federal, no entanto, não fará campanha de vacinação específica para convocar os pais e esclarecê-los sobre a importância da segunda dose. ;Como não estamos em um período de emergência e as crianças estão imunizadas, vamos esperar que os pais levem os filhos para a vacinação de rotina de outras doenças. Eles vão receber a orientação nos postos de saúde. Estamos confiando nessa parceria;, explica o subsecretário de Saúde do Governo do Distrito Federal, Joaquim Carlos Barros Neto.
A orientação da Secretaria de Saúde é que as crianças sejam vacinadas a partir de um ano. No entanto, durante o surto da febre amarela, a secretaria reduziu a recomendação para seis meses. Muitos pais desconhecem a medida e não escondem o receio de submeter os filhos a uma nova aplicação. A administradora de empresas Rosilene Borges, 37 anos, foi pega de surpresa com a notícia ao procurar o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) para vacinar o filho Luís Eduardo, de um ano e sete meses, contra meningite. ;Ele recebeu a dose contra a febre amarela com menos de um ano e achei que estava tudo certo. Não sabia da necessidade de uma nova vacinação, mas vou procurar o pediatra dele para saber se há alguma contra-indicação;, disse.
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Sem riscos
Quem tem procurado o posto da 612 Sul, por exemplo, é informado pelas enfermeiras de que um documento enviado pelo Ministério da Saúde recomenda a aplicação da segunda dose. O medicamento contra a febre amarela é produzido utilizando o vírus vivo atenuado mas, segundo pediatras, não representa riscos a quem o recebe.
A pediatra e presidente da Sociedade Brasileira de Imunização do DF, Mônica Alvarez, aprova a decisão de reduzir a idade de vacinação durante o surto e garante não haver motivo para os pais ficarem apreensivos. ;No início do ano houve um pânico de toda a população e os pais correram em busca de imunização para os filhos com menos de um ano, mas em razão de as crianças ainda apresentarem muitas células da mãe, ela não era completa. A primeira dose foi emergencial, mas é a segunda que garantirá uma imunização completa;, explica.
Mônica Alvarez esclarece também que não há risco de superdosagem da vacina. Mas admite que, assim como outras medicações com organismos vivos, as crianças que receberam a vacina anti-amarílica antes da idade ideal poderiam ter desenvolvido a doença. ;Em um caso como esse, é preferível que a pessoa desenvolva uma versão mais branda da febre amarela do que ela pura. Mas esse é um risco muito raro;, observa.
O presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria do DF, Dennis Burns, também apóia a medida da Secretaria de Saúde. ;Não há perigo nenhum nessa aplicação, inclusive a recomendação da associação é essa mesma;, garante. Segundo ele, a vacina é contra-indicada para crianças com forte alergia à proteína do ovo, doenças imunodeficientes ; HIV, neoplasias em geral (incluindo leucemias e linfomas), uso contínuo de corticóide ; ou que apresentem febre acima de 38; C.
Surto
A Secretaria de Saúde emitiu o alerta contra a doença em 28 de dezembro de 2007, após a morte de seis macacos, dois no Parque Nacional de Brasília e quatro no Park Way, área nobre próxima ao Plano Piloto. As mortes provocaram a interdição da Água Mineral. No dia seguinte, a secretaria deu início à campanha preventiva de vacinação, com a mobilização de 98 centros e postos de saúde. A procura pela imunização foi intensa e mais de 1,4 milhões de pessoas foram vacinadas. O primeiro brasiliense morto por febre amarela foi o técnico em informática Graco Carvalho Abubakir, em 8 de janeiro. Morador do Lago Norte, ele passou o réveillon em Pirenópolis (GO), onde foi contaminado. Neste ano, 15 casos da doença foram registrados no DF. Apenas cinco pacientes contraíram a doença no Distrito Federal. Desses, oito não resistiram à gravidade dos sintomas e faleceram.
ATENDIMENTO
As vacinas estão disponíveis nos postos e centros de saúde do DF, de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30 e das 13h30 às 17h30.