Cidades

Invasores resistem em áreas verdes do Plano Piloto

Um dia após operação de retirada de moradores de rua, novos barracos de lona são reerguidos

postado em 09/07/2008 11:05
Móveis, colchões, carrinhos de compra e barracas de lona, de madeira e de papelão. Todos os pertences de moradores de rua em diversos pontos da Asa Norte terminaram na caçamba de caminhões do governo na segunda-feira. Para os desabrigados, ficou o aviso para deixarem as áreas públicas. Mas passou a noite, amanheceu e lá continuavam os sem-teto, com novas moradias improvisadas e objetos conseguidos no lixo ou por meio de doações. Poucos foram embora. [VIDEO1]A equipe do Correio retornou ontem aos pontos onde ocorreram a remoção na segunda-feira. As invasões permaneceram na área atrás da Embaixada do Marrocos, no gramado em frente ao Serpro (601 Norte), próximo à área residencial da Colina (na Universidade de Brasília) e na 309/310 Norte. Nesta última, objetos pessoais guardados em caixas e um carrinho de supermercado novo estavam embaixo das árvores. Mas somente uma moradora de rua encontrava-se no local. Olindina Pereira de Sousa, 40 anos, veio para o Plano Piloto depois que o filho levou um tiro em Planaltina de Goiás, onde moravam. A mulher vive nas ruas desde então. Ela não estava presente quando os fiscais fizeram a retirada na segunda-feira, mas afirmou que deve deixar o local até o fim da semana. ;Arranjei um lugar para ficar de aluguel em Águas Lindas (GO). Vou para lá com meu filho;, contou a mulher, que teve um derrame ano passado e sobrevive com uma pensão por invalidez ; não soube dizer o valor. ;Não trabalho, não faço mais nada. Fico aqui o dia todo;, disse. Ela também não soube informar onde estavam os outros desabrigados que ficavam ali. Mais retiradas Os órgãos do governo que participam das operações de erradicação de invasões em áreas públicas sabem da dificuldade de retirar essa população das ruas e costumam visitar um mesmo ponto diversas vezes. Os fiscais, agentes sociais e policiais não podem fazer com que as pessoas saiam dos pontos onde se encontram para não ferir o direito de ir e vir dos indivíduos. Mas eles têm permissão de retirar as edificações precárias e todo o lixo recolhido ou produzido por essas pessoas. Hoje, novas ações de retirada devem ocorrer na Asa Sul. Não é a solução ideal para o problema dos moradores de rua. E o governo reconhece isso. ;Não temos como resolver isso a curto prazo. Isso precisa ser realizado com mais propriedade e leva tempo;, afirmou o secretário de Desenvolvimento Social, Edgar Lourencini. Ele contou que a secretaria tem procurado realizar reuniões motivacionais com famílias inscritas em programas do governo para que as pessoas atendidas busquem meios de viver por conta própria. Assim novas vagas surgiriam para atender uma população mais necessitada. Outro ponto que o secretário acredita ser necessário para auxiliar os desabrigados está relacionado com a qualificação e capacitação para o mercado de trabalho. ;Normalmente, essas pessoas tiram o seu sustento de catar papéis, latinhas e outros materiais recicláveis no Plano Piloto. Vira uma rotina para elas. E, quando recebem doações de cidadãos bem intencionados, terminam incentivadas a permanecer nas ruas;, explicou Lourencini. ;Um dos nossos grandes parceiros é a Secretaria de Trabalho, que procura qualificar e capacitar a população com cursos específicos. Mas precisamos que essas pessoas se interessem pelo que oferecemos e busquem mudar de vida;, completou. Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense.

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