Cidades

Mulher comete fraude contra 22 cooperativas e quase é linchada

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postado em 10/07/2008 08:50
Policiais militares salvaram Magaly Alves de Oliveira, 46 anos, de uma agressão coletiva, na manhã desta quarta-feira (09/07), em Taguatinga. Cerca de 30 pessoas a cercaram em um prédio no centro da cidade, quando dava uma palestra sobre os programas habitacionais do Governo do Distrito Federal. Os manifestantes estavam furiosos porque teriam sido vítima de golpes praticados por ela. Disseram ter entregue, há um ano, até R$ 15 mil à mulher com a promessa de ganhar um lote por meio de convênios com o governo local. Mas ninguém recebeu terreno algum. Presidente do Conselho Administrativo e Participativo do Guará (Conag), que representa 22 cooperativas habitacionais, Magaly estava sumida desde o fim de 2007, segundo suas supostas vítimas. Ontem, ela foi levada pelos PMs para a 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro) e, em seguida, transferida para a 4ª Delegacia de Polícia (Guará). Mas acabou o dia em liberdade, após prestar depoimento. Dependendo das investigações, pode ser presa por meio de ordem judicial. O caso está com a 4ª DP porque na delegacia do Guará há 18 ocorrências contra Magaly de Oliveira. Todas por acusação de golpes à frente das entidades habitacionais que comandou. Além da Conag, ela presidiu a Associação dos Moradores Amigos do Guará (Asmag). ;Quando o Conag ficou com a fama ruim, ela partiu para a Asmag;, contou o delegado Joás Rosa de Souza, adjunto da 4ª DP. Em pesquisa no site do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, o Correio encontrou seis ações cíveis contra a mulher. Prisão temporária O delegado Joás de Souza afirmou que Magaly ;é uma estelionatária profissional;. ;Apesar do grande número de ocorrências, até hoje não havíamos conseguido ouvi-la sobre nenhuma delas;, observou o delegado. Em frente a delegacia, dezenas de pessoas que diziam ter sido lesadas esperaram para ver Magaly. ;Ela representava 22 cooperativas que não conseguiram se cadastrar no governo e cobrava de R$ 3 mil para cima de cada associado, com a promessa de regularizar a situação e conseguir os terrenos;, acusou Miracy Mendes, presidente da Associação dos Sem Habitação (Asha) do Guará. O delegado adjunto da 4ª DP (Guará) Joás Rosa de Souza, fala sobre o golpe das cooperativas habitacionais: Mendes afirmou ainda que ;a mulher sumiu e deixou os presidentes das associações com a corda no pescoço, sendo até ameaçados de morte;. Apenas na Asha, 34 pessoas foram lesadas por Magaly, de acordo com o presidente da associação. ;Ela também agia no Riacho Fundo e em Taguatinga. Dei R$ 5 mil na mão dela e estou nesse barco. Não sei se vou receber, mas temos que garantir que ela não engane mais ninguém;, ressaltou Mônica Leocádia Santos, 30, moradora da Candangolândia. Revolta Magaly de Oliveira foi reconhecida em um prédio da CNB 9 por um dos associados da Conag, que não hesitou em ligar para os companheiros. A Polícia Militar acabou acionada para acabar com a confusão e escoltou Magaly até a 12ª DP. ;Mais de 20 pessoas foram acompanhando e xingando ela;, relatou Islândia Araújo, 23, moradora de Samambaia que disse ter dado R$ 3 mil à mulher em 2006, na esperança de ganhar um lote no Riacho Fundo II. ;Não sei se agora vou recuperar o dinheiro, mas pelo menos ela será exposta e vai diminuir a chance de dar novos golpes;, completou. Os manifestantes não gostaram de saber que Magaly seria liberada após o depoimento na 4ª DP, mas renovaram a esperança de ter o prejuízo coberto. Uma possibilidade distante, na opinião do delegado. ;Precisamos identificar bens dela que possam ser penhorados. Mas normalmente esses bens estão no nome de laranjas que nem sempre são alcançados;, admitiu Joás de Souza. Magaly se recusou a dar entrevista. Acompanhada de um advogado, disse à polícia defender os interesses dos associados e negou ter praticado golpe. ;Podemos pedir a prisão temporária dela dependendo do que aparecer nas investigações. Mas, por enquanto, ela fica em liberdade porque estelionato não é um crime que gera violência e não prevê prisão;, alegou o adjunto da 4ª DP. Se condenada, Magaly pode pegar de um a cinco anos de detenção. Mas a pena pode aumentar porque as ocorrências relacionadas a ela não dizem respeito apenas ao golpe da habitação. ;Há, por um exemplo, uma queixa de um grande colégio particular aqui do Guará de que ela pagou um ano de mensalidades do filho com cheques sem fundo;, conta o delegado. Ele acredita que mais gente enganada pela acusada irá até a DP registrar queixa, após a divulgação da detenção de Magaly.

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