Cidades

Donos de bares reagem à lei seca

Sindicato lança campanha para pressionar autoridades a flexibilizar aplicação da lei que proíbe motoristas de ingerirem bebidas alcoólicas

postado em 17/07/2008 07:55
Donos de bares e restaurantes arregaçam as mangas no lançamento da campanha Responsabilidade Sim, Radicalismo Não! Eles lançaram oficialmente o site www.bebercomresponsabilidade.com.br, onde será produzido um abaixo-assinado virtual a ser encaminhado ao Congresso Nacional. Os empresários tentam sensibilizar os parlamentares, convencendo-os a amenizar a Lei Federal nº 11.705/08, que instituiu a tolerância zero à combinação álcool e volante. O principal argumento da categoria é de que não havia necessidade de uma nova norma, bastava uma fiscalização mais rigorosa da antiga, que tolerava a ingestão de até seis decigramas de álcool por litro de sangue. Após assembléia, donos de 50 estabelecimentos decidiram também pôr fim ao serviço Escolta Amiga, que oferecia motoristas para conduzir os carros dos clientes que consumissem bebidas alcoólicas. Segundo empresários que aderiram ao serviço, a proposta não foi bem-sucedida. ;Tivemos dois motivos para suspendê-lo. Primeiro porque não surtiu o efeito esperado em uma semana. Acreditamos que não bateu com a cultura dos brasilienses, que preferem dirigir os próprios veículos para ir e sair dos bares;, comentou o dono do Braühaus, na 302 Sul, Marcelo Braconi. ;Segundo porque percebemos alguns perigos que corríamos com a manutenção desse tipo de serviço. Por exemplo, se ocorresse um acidente, o nome do bar estaria envolvido;, completou. Após demissão de colegas, garçons aderem à campanhaAlém disso, o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar) acredita que não cabe aos estabelecimentos fornecer o transporte aos clientes. ;O governo é quem deve fornecer um transporte público adequado para o cidadão;, argumentou o presidente da entidade, Clayton Machado. Ele revelou que a categoria produziu 500 mil panfletos com um manifesto para a sociedade. ;Temos 20 profissionais destacados para distribuir essas cartas em casas, apartamentos e órgãos públicos. Queremos mostrar que acreditamos no cumprimento das leis, mas que essas devem ser feitas de acordo com a realidade em que vivemos. Do jeito que está, o governo está chamando toda população de irresponsável;, destacou Machado. Segundo ele, nos primeiros 15 dias de vigência da nova lei, houve uma queda de 50% no movimento de bares e restaurantes. ;Na semana passada, essa porcentagem passou para 60% e, em alguns casos pontuais, alcançou até 75%;, afirmou Clayton Machado. O Sindhobar calcula que 122 garçons acabaram demitidos desde que a lei entrou em vigor. ;Esse número só não é maior porque os empresários investiram muito no treinamento dos funcionários e teriam prejuízos grandes com a rescisão dos contratos;, completou. Nas ruas Os empresários produziram adesivos para carros e camisetas com o slogan da campanha. Eles esperam conquistar o apoio do brasiliense a ponto de a iniciativa se espalhar pelo país. ;Considero essa iniciativa importante para trabalhar na formação de opinião das pessoas;, comentou o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Fernando Antônio Cabral. Ele, no entanto, adiantou que a entidade atuará apenas juridicamente contra a lei seca ; a Abrasel questiona a constitucionalidade da norma no Supremo Tribunal Federal. A campanha do Sindhobar dividiu a opinião de quem viu o lançamento da iniciativa. Para a advogada Renata Moniz, 26, a lei está correta. ;É preciso criar uma regra geral, que dê segurança para quem bebe e para quem não bebe, como eu;, destacou. Já a estudante Gabriela Rodrigues, 20, concorda com o Sindhobar: ;As blitzes não surtem efeito. As pessoas encontrarão alternativas para escapar delas, podendo até escolher caminhos perigosos para não enfrentar o bafômetro;.

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