Cidades

Corrida para reitoria da UnB já começou

A menos de dois meses do primeiro turno das eleições para reitor da Universidade de Brasília, já existem pelo menos seis potenciais candidatos. A maioria deles vai centrar fogo nas críticas à gestão de Timothy

postado em 21/07/2008 08:29
Professores, funcionários e estudantes da Universidade de Brasília vão às urnas em 17 e 18 de setembro para escolher o novo reitor, mas a disputa já começou. A menos de dois meses do primeiro turno, a comunidade acadêmica se movimenta para definir candidatos e seus vices e elaborar programas de campanha. Alunos e funcionários também participam ativamente da sucessão. Entre esses segmentos, já há debates sobre a eleição que escolherá o substituto do reitor pro tempore, Roberto Aguiar. Mesmo durante as férias, são diárias as reuniões nos departamentos e as negociações entre os segmentos. Mas a concorrência deve ficar acirrada com a volta às aulas, em 11 de agosto. A inscrição de chapas pode ser feita até o dia 18 do próximo mês. José Geraldo de Sousa JúniorA maioria dos pontenciais candidatos não tem ligação com Timothy Mulholland, que renunciou ao cargo depois de denúncias sobre mau uso de dinheiro público. Até porque o combate à antiga gestão certamente será um dos pilares da campanha dos candidatos. Entre as principais promessas estarão a moralização do relacionamento entre a universidade e as fundações de apoio à UnB e a valorização dos conselhos e entidades de gestão da instituição. Márcio PimentelCabeça-de-chapa Um dos nomes mais fortes para a disputa é o do professor de direito José Geraldo de Sousa Júnior, 61 anos, que tem a simpatia da atual reitoria pro tempore. Conhecido por sua atuação em defesa dos direitos humanos e vice-presidente da Comissão de Ensino Jurídico da Ordem dos Advogados do Brasil, o professor conta que, neste momento, negocia com outros docentes, funcionários e alunos a composição de uma plataforma de campanha e o candidato a vice. ;São conversações no sentido de uma candidatura que represente maior unidade no câmpus. Quero uma chapa com grande capacidade de diálogo, para restaurar o projeto original da universidade.; Ivan CamargoEntre os docentes procurados por José Geraldo estão a professora de sociologia Lourdes Bandeira e o professor Volnei Garrafa, da Faculdade de Ciências da Saúde. ;A idéia é criar um projeto de reconstrução da universidade, para torná-la mais inclusiva, mais moderna e mais sintonizada com políticas de desenvolvimento éticas e sustentáveis;, acrescentou José Geraldo. Jorge AntunesO candidato já tem pelo menos um problema para resolver: Volnei Garrafa, 61 anos, não descarta ser cabeça-de-chapa. Ele é um dos maiores especialistas em bioética do país e postulou o cargo em 2001, quando foi derrotado por Lauro Morhy. Garrafa diz que ainda não é candidato, mas reconhece que tem sido procurado por muitos professores e funcionários. ;Tenho 35 anos de UnB, é normal que meu nome surja nesta fase pré-eleitoral. Mas estou conversando com todos os lados para tentar compor uma chapa, já que o ideal é que haja o menor número possível de candidatos;, avalia. Volnei Garrafa;Gostaria muito de disputar as eleições juntamente com o José Geraldo, que tem uma visão de mundo muito próxima da minha. Mas como ele chegou à universidade muito depois de mim, o normal seria que ele fosse meu vice;, avisa Volnei. Garrafa cogita ainda trabalhar ao lado do professor Márcio Pimentel, do Instituto de Geociências, que também deve sair candidato. ;Ele é uma pessoa extremamente competente, além de ser muito íntegro.; Michelangelo Trigueiro;Caça às bruxas; Entre os possíveis candidatos que são ligados às gestões de Lauro Morhy e Timothy Mulholland estão os professores Márcio Pimentel, do Instituto de Geociências, e Ivan Camargo, da Faculdade de Tecnologia. Ambos foram decanos nos últimos cinco anos. Em uma campanha que será marcada pelo bombardeio contra os últimos reitores, eles devem ser o alvo principal dos adversários. Ivan Camargo critica o clima de revanchismo que se instalou dentro da universidade. ;Ainda não decidi se vou participar das eleições, mas existe uma grande possibilidade de compor uma chapa com o professor Márcio;, adianta. O professor de engenharia recusa o rótulo de timotista, mas lembra que a campanha deve discutir propostas novas, em vez de ficar centrada exclusivamente em críticas negativas. ;Se eu entrar na disputa, não será para falar mal dos colegas das últimas gestões. É preciso que haja renovação e mudanças, mas sem criar um ambiente de caça às bruxas. Não dá para ficar chamando pesquisadores de ladrões;, acrescenta Ivan. O professor de geologia Márcio Pimentel, que foi decano de Pesquisa e Pós-Graduação durante a gestão de Timothy Mulholland, ainda estuda a possibilidade de participar da eleição. ;Está um pouco cedo para isso, ainda estou estudando a possibilidade e conversando com os colegas;, limitou-se a dizer. Mais à esquerda A única chapa já fechada até agora é a do professor do Departamento de Música e maestro Jorge Antunes, 66 anos. Ele escolheu como vice a professora de serviço social Maria Lúcia Leal, conhecida pelo seu trabalho contra a exploração e o abuso sexual de crianças e adolescentes. Filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (Psol), Antunes concorreu a uma vaga de deputado distrital nas últimas eleições e é o nome mais forte entre os estudantes. Jorge Antunes já tem um projeto de campanha com mais de 70 pontos. ;Nosso objetivo principal é fazer com que o reitor não seja um representante do governo dentro da universidade, mas que ele passe a ser um representante da universidade junto ao governo;, explica o maestro. ;Defendemos uma universidade pública, de qualidade, gratuita, laica, transformadora e libertária;, acrescenta. Também de uma corrente mais à esquerda dentro da universidade, o professor de sociologia Michelangelo Trigueiro vai participar da disputa e está à procura de um vice para compor a chapa. ;Nosso grupo quer uma renovação dentro da universidade. Não queremos ligação com nenhuma corrente partidária e também não aceitamos o continuísmo. Há 12 anos defendo um projeto para a universidade, que inclui um resgate do projeto original, a simplificação da administração e a integração da universidade, que ficou comprometida principalmente após a criação de novos câmpus;, justifica. (HM)

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação