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Alívio nas emergências dos hospitais após a lei seca

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postado em 25/07/2008 08:35
A redução dos acidentes causados por motoristas embriagados é um alívio para médicos, enfermeiros e auxiliares que trabalham na emergência de hospitais públicos do Distrito Federal. Para esses profissionais de saúde, que lidam diariamente com vítimas da violência no trânsito, a queda no movimento de pacientes no pronto-socorro é facilmente perceptível e representa mais qualidade no serviço prestado à população. Em algumas unidades, como os hospitais de Base e Regional do Gama, funcionários estimam em cerca de 30% a redução do fluxo diário de pessoas atendidas nos setores de ortopedia e de politraumatizados. No fim deste mês, a Secretaria de Saúde divulgará um balanço dos atendimentos nos hospitais públicos da cidade depois que a lei seca entrou em vigor. Mas os profissionais que atuam nas emergências não precisam de estatística para comprovar o que os olhos vêem diariamente nas salas de cirurgia e nas entradas dos hospitais: o número de leitos ocupados por vítimas de acidentes diminuiu. A chefe de equipe do Hospital Regional da Ceilândia, Vânia Lúcia Malta, defende a fiscalização mais rígida para flagrar motoristas embriagados. Para ela, a medida trouxe impacto positivo no dia-a-dia da emergência. ;Depois da lei seca, a queda do movimento na cirurgia e na ortopedia foi enorme. Mesmo nos fins de semana, a quantidade de pacientes está caindo. Os colegas não param de falar sobre essa mudança e comentam como os motoristas estão mais conscientes;, comentou. Na unidade, são realizadas por mês cerca de 143 cirurgias de emergência e 7 mil atendimentos no pronto-socorro ortopédico. Com a redução no número de acidentados no trânsito, os médicos do Hospital Regional de Ceilândia deixam de realizar uma média de 42 operações emergenciais e 2,1 mil atendimentos de ortopedia todos os meses. No Hospital Regional do Gama, onde cerca de 7,2 mil pacientes são recebidos mensalmente na emergência do setor de traumato-ortopedia, o diretor Sebastião Gomes Pedrosa estima a redução de atendimento a vítimas de trânsito entre 20% e 30%. ;Nossa demanda é muito grande, mas é fácil notar uma queda na quantidade de acidentados que chegam ao hospital. Para nossa unidade, que já tem uma carência de pessoal grande, essa redução é muito positiva;, disse Pedrosa. Tempo para pacientes Os profissionais de saúde que lidam com o drama dos acidentados, muitos deles em estado grave, elogiam a lei seca. Para a diretora do Hospital Regional de Taguatinga, Sônia Salviano, a redução do fluxo de vítimas de acidentes de trânsito foi visível desde os primeiros dias de aplicação da lei seca. ;No setor de ortopedia, onde às vezes precisávamos colocar macas para ter espaço para todos os pacientes, há vários leitos vazios;, destacou. ;Muitos acidentados de trânsito ficavam internados aguardando para fazer cirurgia e, enquanto isso, ocupavam um leito. Depois da lei seca, o número de pacientes diminuiu e os médicos têm mais tempo para se dedicar a outros tipos de emergência;. No Hospital de Base, referência da cidade para atendimento de politraumatizados, a estimativa também é de queda de 30% nos atendimentos da emergência. O anestesista Geraldo Gutemberg Soares, vice-presidente regional da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) e funcionário do Base, conta que a lei seca tem mudado a rotina dos médicos e enfermeiros. ;A maioria dos profissionais de saúde apóia a medida porque ela trouxe uma queda expressiva no número de atendimentos na emergência;, contou ele, que é um defensor da fiscalização mais rígida para impedir que motoristas alcoolizados dirijam pelas ruas da cidade. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) já divulgou balanço dos atendimentos realizados pelos funcionários no Distrito Federal. Desde o início da lei seca, a queda dos serviços prestados pelo Samu chegou a 40%. No Corpo de Bombeiros, a redução dos atendimentos de emergência chegou a 14%. Com a lei em vigor, a fiscalização continua firme nas ruas do DF. Na noite de quarta-feira, mais dois motoristas não passaram pelo teste do bafômetro em uma blitz montada no Eixo Rodoviário Sul. Na terça-feira, foram três. O Departamento de Trânsito do DF acredita que, neste fim de semana, o total de motoristas flagrados dirigindo depois de ingerir bebida alcoólica em 2008 chegue a mil.

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