Cidades

Hospital do DF tem 2,9 mil pacientes de todo o país à espera de fertilização in vitro

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postado em 25/07/2008 17:01
Nicolas Heitor de Oliveira nasceu nesta quinta-feira (24/07), vésperas do aniversário de 30 anos da inglesa Louise Brown o primeiro bebê de proveta do mundo, também por meio de fertilização in vitro. Com 4,2 quilos, é o orgulho da mãe, Tárcia Michele de Oliveira, e de toda a equipe de reprodução humana do Hospital Regional da Asa Sul (HRAS), em Brasília. É inexplicável. Para mim, a melhor vitória da minha vida é olhar para a carinha do meu filho, ver que ele está bem, que lutei muito e que não estive sozinha em momento algum, diz Tárcia. Ela lembra que, antes da gravidez, sentia-se inferior s mulheres que tinham a opção de gerar filhos. Quando informou família que iria se submeter a um tratamento de reprodução assistida, ainda em 1999, garante que não houve resistência ou qualquer tipo de preconceito. Foi uma vitória, diz. A chefe do serviço de reprodução humana do HRAS, Rosaly Rulli Costa que acompanhou toda a gestação de Tárcia não esconde o orgulho de integrar uma das poucas equipes do país que trabalham com técnicas de reprodução assistida em hospitais da rede pública de saúde. Ela explica que o atendimento começou em 1998 e que a lista de espera chega a 2.950 pacientes. Nos últimos dez anos, o HRAS atendeu 800 mulheres para fertilização in vitro. O número de casais considerados inférteis, de acordo com a médica, varia entre 15% e 18% em todo o mundo. Desses, 40% são decorrentes de infertilidade masculina, outros 40% de infertilidade feminina e 20% de ambos os lados. Por isso, Rosaly alerta que oferecer o procedimento para a parcela mais pobre da sociedade, apesar de ainda ser visto como algo supérfluo, merece mais atenção. É um direito constitucional que o casal tem de poder definir a quantidade de filhos que tem e de ter os filhos que quiser. Isso é garantido pela Constituição e é um bem inalienável do ser humano. Lamentavelmente, o SUS [Sistema Único de Saúde] ainda não regulamentou as técnicas de fertilização assistida. As secretarias de estado ficam com um ônus enorme porque são procedimentos altamente caros. Ela garante que o HRAS atende, por mês, a uma média de 15 a 20 mulheres de todo o país. Segundo ela, isso só é possível porque a Secretaria de Saúde do Distrito Federal tem mantido um repasse regular dos medicamentos. Diante da fila e da escassez de recursos, cada paciente tem direito a duas chances e a possibilidade de engravidar, em cada uma delas, é de apenas 30%. A melhor coisa seria que o Ministério da Saúde tivesse o interesse de ver o quanto é importante o SUS encampar as técnicas de fertilização assistida para que possa pagar esses procedimentos s secretarias de estados. Entre os pré-requisitos exigidos pelos hospitais e clínicas que realizam a reprodução assistida está uma boa atividade dos ovários da paciente que pretende engravidar, bem como boas condições clínicas e sorológicas que possam sustentar uma gestação. O protocolo é rígido, explica a médica. Durante todo o processo, não apenas a mulher mas também o companheiro são assistidos por uma equipe composta ainda de uma psicóloga e uma assistente social. Foi uma das minhas exigências porque, realmente, é um processo difícil, doloroso e que, emocionalmente, mexe muito com o casal, avalia Rosaly.

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