A polícia procura os cinco acusados de torturar e matar um rapaz, cujo corpo foi encontrado na última quinta-feira em um matagal próximo ao Setor Militar Urbano (SMU). Para o delegado Antônio Romeiro, que coordena as investigações, não restam dúvidas de que se trata do jovem de 25 anos que estava desaparecido havia 28 dias. Se confirmada a identidade da vítima, será o primeiro caso de morte por acerto de contas com traficantes envolvendo um morador da Asa Norte. De acordo com Romeiro, titular da 2; Delegacia de Polícia, a vítima era usuária de crack e traficava para sustentar o vício. Ontem foram divulgadas as fotos de três supostos envolvidos no crime ; como os outros dois têm 17 anos, a imagem deles foi preservada. As características físicas do cadáver encontrado coincidem com as do jovem e com a descrição da roupa que ele usava no dia do desaparecimento. Além disso, um carroceiro indicou o local onde estava o corpo: preso na quinta-feira, ele confessou ter transportado o cadáver do local do homicídio, na Asa Norte, para o SMU. Devido ao adiantado estado de decomposição, o reconhecimento formal da vítima só poderá ser feito com base em um exame de arcada dentária. A previsão é que o resultado saia até segunda-feira. Mas, para o delegado Romeiro, o caso está esclarecido. ;Falta apenas efetuar as prisões;, disse. Segundo ele, o jovem morto freqüentava com assiduidade a boca-de-fumo que existia em um matagal da 912 Norte e acumulava uma dívida de R$ 1,1 mil com os traficantes do lugar. ;Ele vinha sendo ameaçado, mas não acreditou que os traficantes fossem matá-lo;, afirmou Romeiro. A vítima desapareceu em 10 de julho, provável data do crime. As investigações apontam que o jovem voltou à boca-de-fumo naquela noite para comprar mais crack. Foi quando cinco traficantes o amarraram a uma árvore e o espancaram com socos, pauladas e coronhadas. Depois que os criminosos se afastaram para consumir droga, o rapaz conseguiu se soltar e tentou fugir pelo meio do mato, mas foi perseguido pelos bandidos e Valtemar Silvestre Ferreira de Almeida, 24 anos, vulgo ;Caçula;, o teria alvejado com pelo menos cinco tiros. Depoimentos Três mulheres, namoradas dos criminosos, presenciaram a cena e prestaram depoimento na delegacia. Além de ;Caçula;, Inácio Soares de Jesus, 30, vulgo ;Lala;, e Márcio Rodrigues dos Santos, 36, vulgo ;Jamaica;, deverão ser indiciados por homicídio duplamente qualificado (por motivo fútil e mediante tortura) e ocultação do cadáver. A Justiça decretou ontem a prisão temporária dos três. Se presos e condenados, poderão pegar, cada um, até 33 anos de cadeia. A família do jovem não quer falar. O silêncio expressa a dor de quem durante quase um mês aguardou notícias da polícia, sem querer pensar na possibilidade de um desfecho trágico. ;Não queria que isso tivesse acontecido. Só isso;, resumiu o pai, que pediu que os nomes dele, do filho e de qualquer parente seja mantido em sigilo. O crime preocupou autoridades e moradores da Asa Norte. ;Tráfico existe em todo o DF, mas é o primeiro caso de morte por esse motivo no Plano Piloto de que tenho conhecimento;, ressaltou o delegado titular de Tóxicos e Entorpecentes (DTE) da Polícia Civil, João Emílio Ferreira. Para a presidente do Conselho Comunitário da Asa Norte, Leomízia Pereira, o caso deve servir de alerta aos usuários de droga e resultar na intensificação do policiamento na área. ;Não podemos ficar ilhados, sem poder sair de casa porque tem traficante solto;, desabafou ela. ;Quase a totalidade dos crimes no Plano Piloto, com exceção dos passionais e eventuais, estão associados às drogas. É uma tristeza;, emendou o presidente do Conselho Comunitário de Segurança de Brasília, Saulo Santiago. Os terrenos baldios das quadras 900 da Asa Norte são alvo constante de operações da Polícia Militar. Sete carros fazem ronda constante na região, segundo o comandante do 3; Batalhão, coronel Carlos Alberto Teixeira Pinto. O lugar abriga moradores de rua, usuários e traficantes de drogas. ;O tráfico não corre livre, mas temos dificuldades de contê-lo por conta das extensas áreas verde;, comentou.
Ouça aqui poadcast com o delegado Antônio Romeiro, titular da 2ª DP