Cidades

Feira dos Importados está repleta de irregularidades

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postado em 10/08/2008 07:59
Puxadinhos, construção de quiosques sem autorização, invasão de camelôs, roubo de água, de energia elétrica. As ilegalidades na Feira dos Importados vão muito além da venda de produtos piratas e contrabandeados. Dentro e fora dos quatro blocos que abrigam 2.904 lojistas cadastrados, permissionários, quiosqueiros e ambulantes cometem abusos e irregularidades à vista de fiscais e policiais, mas sem temer a repressão. Até barracos com três pavimentos são erguidos à luz do dia, em área pública, para abrigar famílias inteiras.

Tudo ocorre um ano após o governo local e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) anunciarem uma ;força-tarefa; para pôr ordem à Feira dos Importados, com a promessa de fazer dela um modelo para as demais feiras populares de Brasília. A idéia era garantir conforto e segurança a consumidores e expositores e acessibilidade aos portadores de necessidades especiais. Cumprindo as determinações, em julho de 2007, os lojistas da Feira dos Importados recuaram as barracas para aumentar o tamanho dos corredores. Além disso, pagaram do próprio bolso a substituição do piso de cerâmica por um antiderrapante e a troca da rede elétrica. A obra custou R$ 3 milhões.

A reforma havia sido decidida no início de 2007, em reunião entre o promotor Vandir Silva Ferreira, da Promotoria de Justiça de Defesa da Pessoa Idosa e da Pessoa com Deficiência (Prodide), e o governador José Roberto Arruda. O encontro ocorreu após uma vistoria do MPDFT à feira, quando foram detectadas várias irregularidades. Pelo acordo, um grupo da Polícia Militar estaria de prontidão na Feira dos Importados para impedir que os comerciantes ampliassem suas barracas e diminuíssem o espaço de locomoção. Passados 12 meses, do projeto de feira modelo ficaram apenas o piso antiderrapante e a instalação elétrica.

Passagens bloqueadas
Uma equipe do Correio esteve no local na quarta e quinta-feiras. Constatou que algumas barracas se apoderaram de metade dos corredores internos e externos com mercadorias, vitrines e puxadinhos. Ambulantes instalaram bancas irregulares no meio das passagens mais movimentadas. Além de vender suas quinquilharias, sujam o piso novo sem serem incomodados por fiscais. Nos arredores, os camelôs chegaram a furar calçadas para expor os produtos. E uma nova e ilegal feira surgiu sobre a calçada do estacionamento ao lado da administração das Centrais de Abastecimento (Ceasa), responsável por toda a área.

Onde há um ano havia meia dúzia de quiosques e uma dezena de ambulantes, quase todos vendedores de frutas e guloseimas, hoje existem 78 bancas de madeira padronizadas. Construídas uma ao lado das outras, não deixaram espaço para a circulação de pedestres e, muito menos, cadeirantes. Com cadeiras, mesas e mercadorias, ainda invadiram metade da pista, impossibilitando o trânsito de carros. Devidamente numerados, os quiosques da feira paralela vendem, além de comida, quase todos os produtos das mais de 2 mil barracas dos quatro blocos vizinhos. A diferença é que, do lado de fora da cerca, ninguém tem autorização do governo nem paga pela água e energia elétrica consumidas.

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