postado em 10/08/2008 19:11
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB) constatou que alguns supermercados do Distrito Federal estão vendendo couve contaminada. Os índices de coliformes fecais encontrados nas hortaliças estavam acima do permitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), segundo testes realizados no laboratório de microbiologia da Universidade. Foi analisado o mesmo lote da couve em três grandes redes de supermercados.
Na primeira fase da pesquisa, nos meses de outubro, novembro e dezembro, 43% das amostras apresentaram problemas. Já em janeiro, em um segundo momento, houve uma menor incidência, 25% estavam contaminadas. Segundo a responsável pela pesquisa, a agrônoma Anna Paula Rodrigues dos Santos, em alguns estabelecimentos os valores chegaram a ser quatro vezes superior ao autorizado pela Anvisa.
De acordo com a legislação da Anvisa ; revolução da diretoria colegiada n.12 de janeiro de 2001 ; é permitido no máximo 100 unidades de coliformes fecais por grama de produto. ;Chegamos a constatar em alguns supermercados de 400 a 460 unidades formadoras de colônia por couve. Alguns estabelecimentos estavam dentro do limite permitido de 43. Os números são bastante preocupantes;, conta.
A pesquisadora conta que o estudo revelou que as falhas ocorrem na chegada do produto ao supermercado. ;Visitei uma agroindústria em Brazlândia, que produz couve e a transporta até o supermercado lá não foi encontrado nenhuma irregularidade. Os níveis de contaminação são aceitáveis;, revela. Anna Paula explica que os problemas estão relacionados a descarrega do produto, o abastecimento das prateleiras e a refrigeração das gôndolas.
Segundo Anna Paula as bactérias se proliferam com o aumento da temperatura do produto ;há lugares em que a prioridade é da carga que chegar primeiro. Então, se estaciona um caminhão carregando sabão em pó, o de alimento fica para depois;, diz. Também foi constatado que o tempo gasto para se colocar as couves na gôndola é muito longo ;quanto maior esse intervalo mais as bactérias de proliferam;, esclarece. Um outro ponto é que muitas vezes o freezer não está na temperatura ambiente adequada de cerca de 5 graus.
Anna Paula recomenda que os supermercados adotem as gôndolas fechadas ;desta forma não há troca de temperatura com o ambiente, assim os produtos ficam melhor refrigerados;, diz. O consumo dos alimentos contaminados pode resultar em vômito, diarréia e febre.
Fiscalização falha
Segundo a gerente de fiscalização da Vigilância Sanitária do DF, Maria das Graças Ferreira, a falta de funcionários compromete a supervisão do órgão. ;Nós temos 21 regionais para realizar a fiscalização, algumas tem apenas dois inspetores. É impossível realizar uma fiscalização uma vez por mês nos estabelecimentos, a média é de uma a cada seis meses;, conta.
Além de fiscalizar os alimentos, os inspetores também são responsáveis pelo serviço de saúde, alvará de funcionamento, e etc. ;Para trabalhar bem seria preciso o dobro de funcionários que temos hoje;, afirma. Maria das Graças conta, ainda, que o maior problema está nas cidades mais distantes e que tem um menor número de pessoal. ;Procuramos orientar os donos de supermercados as boas práticas;, diz.
O estabelecimento que for encontrado com produtos alterados, pela primeira vez, tem os alimentos apreendidos. Insistindo no erro eles podem responder processo administrativo e ainda receber uma multa que varia de R$ 2 mil a R$ 1 milhão e 400.