Cidades

Laudo comprova maus-tratos a chimpanzés do Le Cirque

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André Corrêa
postado em 15/08/2008 11:44
Jeber e Tyson, chimpanzés do Le Cirque confiscados pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) em uma operação em Brasília, tiveram os dentes e testículos arrancados, possuem marcas de correntes no pescoço, lesões na pele por altomutilação e apresentam sinais de estresse crônico. Essa é a conclusão do laudo apresentado nesta sexta-feira (15/08) pelo coordenadora do Projeto de Proteção a Grandes Primatas (GAP), Selma Mandruca. O documento informativo com provas de que os animais sofriam maus-tratos foi entregue nesta manhã ao órgão ambiental. Com base nesse laudo, a procuradoria geral do Ibama pretende entrar ainda hoje com dois recursos no Tribunal Regional Federal (TRF), um contra a suspensão do embargo para apresentações do Le Cirque com bichos e outro contra a liminar que determina a devolução dos chimpanzés ao circo. Outro objetivo é manter o auto de infração no valor de R$ 28 mil por maus-tratos aos animais. Instalado no estacionamento do Estádio Mané Garrincha, o Le Cirque recebeu alvará para funcionamento na cidade em 1º de agosto, concedido pela Administração de Brasília. No dia 8, o documento foi revogado por recomendação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que defendeu a realização de vistoria para averiguar as condições dos animais. Respaldados pela decisão do MPDFT, agentes do Ibama e da Companhia Ambiental da Polícia Militar visitaram o local e produziram relatório de 30 páginas, com fotos, denunciando o estado precário em que 14 animais viviam no lugar. Na quarta (13/08), os agentes ambientais apreenderam dois chimpanzés e um hipopótamo. O advogado do circo, Luiz Saboia, conseguiu liminar judicial no mesmo dia para reaver os animais. Mas os dois macacos foram transferidos no final tarde para um dos santuários do GAP na cidade paulista de Sorocaba. Segundo a determinação judicial, os três bichos deveriam ser devolvidos em 24h sob pena de R$ 2 mil por dia. O hipopótamo, que estava no Zoológico de Brasília, retornou ontem para o antigo recinto. Mas os macacos, por recomendações veterinárias, não podem voltar de imediato, pois não podem ser sedados em seqüência em tão curto espaço de tempo para o novo transporte. Socialização Os dois chimpanzés adultos que viviam em uma jaula de três metros quadrados no circo ; 20 vezes menor que a área mínima exigida pelo Ibama ; agora estão em um área verde de 500 metros quadrados, onde convivem com outros 44 primatas. Segundo a coordenadora do GAP, eles já permitem o contato físico. "Eles se deixam abraçar pela veterinária e comem com ela", diz Selma Mandruca. A associação sem fins lucrativos de Proteção aos Grandes Primatas se ofereceu para ficar com os animais, com o compromisso de fornecer assitência médica e alimentação adequada. A associação internacional tem quatro santuários no Brasil, e além de recuperar e socializar animais maltratados, realiza pesquisas de observação do comportamento dos macacos.

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