Cidades

Polícia Civil do DF concluiu a perícia que identifica restos mortais de Cara Marie Burke

;

postado em 24/08/2008 10:27
O Instituto de Pesquisa de DNA Forense da Polícia Civil do Distrito Federal concluiu as análises genéticas que identificaram os restos mortais da jovem inglesa Cara Marie Burke, 17 anos, esfaqueada e esquartejada em Goiânia no último dia 26. De acordo com o laudo, divulgado na noite de sexta-feira (22/8), todas as partes do corpo encontradas pela polícia são mesmo da adolescente. Assassino confesso de Cara Marie, o goiano Mohammed D;Ali Carvalho dos Santos, 20 anos, perdeu o pai de forma tão bárbara quanto a jovem inglesa. O cabo da Polícia Militar Lázaro José dos Santos, 27, foi decaptado quando o filho tinha 2 anos. O corpo só foi encontrado duas semanas após o desaparecimento do PM, que era lotado no Regimento de Polícia Montada (RPMont) da Polícia Militar de Goiás, em Goiânia. Ninguém nunca foi preso ou condenado pelo assassinato de Lázaro dos Santos e o cunhado dele, o pintor Valtercídio Ferreira da Silva, 25. A Justiça de Trindade (GO) arquivou o processo em maio de 2001. O duplo homicídio ocorreu em 24 de outubro de 1990. Naquele dia , feriado de aniversário de Goiânia, Lázaro e o cunhado saíram para pescar perto da capital de Goiás. Os corpos do cabo da PM e do pintor foram encontrados em estado de decomposição três dias depois, em uma fazenda a 7km de Trindade, região metropolitana de Goiânia. As cabeças das vítimas estavam cobertas por sacos plásticos. Elas foram mortas a tiros, pauladas e por enforcamento. No local, a polícia encontrou marcas de pneus até determinado ponto. Por 5m dentro de uma mata, havia sinais de que os corpos foram arrastados. Por ter as orelhas, o nariz e os órgãos genitais decepados, o corpo do PM só foi reconhecido por familiares no Instituto Médico Legal de Goiânia. Na época, o então comandante do RPMont, coronel Jaime Carlos Flores e Silva, ressaltou que o cabo Santos era um militar exemplar e que a morte dele era, provavelmente, decorrente de represálias por parte de alguém que ele tivesse abordado em trabalho. A motocicleta com que o militar saiu com o cunhado nunca foi localizada. A investigação do crime ficou a cargo da delegacia de Trindade e do Serviço Reservado da Polícia Militar. Os agentes não conseguiram sequer levantar nomes de suspeitos. Vício em drogas O advogado Carlos Trajano de Sousa, que defende Mohammed D'Ali, o cliente matou a inglesa porque estava sob efeitos de drogas. Carlos Trajano diz que a personalidade agressiva e o vício do rapaz podem ser conseqüências do sentimento de perda do pai. "Apesar de não conhecer o pai, ele sentiu muito a perda e passou a usar drogas", ponderou o advogado. Em depoimento, Mohammed contou que cheirou cocaína e fumou crack quatro dias seguidos, até matar Cara Burke. Carlos Trajano diz não haver como mudar o quadro de réu confesso do cliente. "Ele confessou que cometeu o crime, mas o que vou trabalhar é a questão de que ele vinha de quatro dias ininterruptos de consumo de cocaína. Acredito que ele nem saiba ainda o que realmente fez. Aos poucos, o efeito permanente dos entorpecentes se afasta e a personalidade dele volta ao normal", disse. O advogado afirmou ainda que, na carceragem da Delegacia de Homicídios, o rapaz confessou que já chegou a usar gás de cozinha para se drogar. "Quando ele não tinha as drogas que costumava usar, ele cortava a mangueira do gás e cheirava aquilo até desmaiar", contou Carlos Trajano, em entrevista ao Correio Braziliense. Desde pequeno, segundo o advogado, Mohammed D'Ali atirava pedras em carros da polícia. "Era um sinal de revolta pela perda do pai policial. Depois disso, ele teve alguns problemas com furto e roubo e até com outra tentativa de homicídio, quando adolescente", relatou Trajano. Sem justificativa O delegado Ailton Costa de Ligório, adjunto da Delegacia de Homicídios de Goiás, afirma que o fato do pai de Mohammed ter sido vítima de um crime bárbaro e o jovem ser um usuário de drogas não justificam o fato de o rapaz ter matado, esquartejado e ocultado o corpo da inglesa Cara Marie Burke. "Essa é uma estratégia da defesa", ressalta. Por gostar tanto de arte marciais, o PM Lázaro batizou os filhos de Mohammed D;Ali e Bruce Lee. Mohammed D;Ali é uma referência ao ex-campeão mundial de boxe nos anos 1960 e 1970 Muhammad Ali, nome muçulmano adotado pelo pugilista norte-americano Cassius Clay. Já Bruce Lee foi um dos maiores lutadores de kung fu e famoso personagem de filmes de artes marciais dos anos 1960 e 1970. Mensagem macabra O delegado não descarta ouvir Bruce Lee Carvalho. Mohammed mandou uma mensagem por celular para o irmão contando ter matado a jovem inglesa, no dia do crime. Bruce Lee desembarcou em São Paulo na manhã de 11 de agosto. Ele deve ficar no Brasil até o julgamento do irmão, que não tem data para ocorrer. A mãe de Mohemmed, Ivany Carvalho dos Santos, também teria vindo ao Brasil, segundo Bruce Lee. Ele diz que Ivany ficou em São Paulo. Mohemmed foi transferido da carceragem da Delegacia de Homicídios de Goiânia para a Casa de Prisão Provisória, em Aparecida de Goiânia (GO), na manhã de 8 de agosto. Esquartejamento Mohammed D;Ali confessou o crime na manhã de 29 de agosto, após ser preso. Em depoimento, ele afirmou que jogou pedaços do corpo da jovem num córrego na periferia de Bonfinópolis (GO), a cerca de 30km do centro de Goiânia. O tronco da jovem inglesa foi encontrado dentro de uma mala, perto da BR-153, às margens de um rio, em 28 de julho. Uma semana depois, foram encontradas as outras partes do corpo, em sacos plásticos, na região do Ribeirão Sozinha, em Bonfinópolis. A arma usada no crime, uma faca, e luvas cirúrgicas foram achadas pela polícia em um bueiro na rua onde mora o suspeito e a menina foi esfaqueada. De acordo com o delegado José Moreira, titular da Delegacia de Homicídios de Goiânia, o suspeito demonstrou frieza durante o depoimento e disse que matou Cara porque não queria que ela retornasse para o Reino Unido. No entanto, Mohammed desmentiu a informação de que eles seriam namorados. Em seu apartamento, Mohammed teria ligado o aparelho de som em volume alto e matado a jovem a facadas. Depois, teria deixado o corpo no box do banheiro e saído para uma festa. No dia seguinte ele esquartejou o corpo e fotografou com a câmera de seu telefone celular. De acordo com Moreira, Mohammed confessou ser usuário de drogas e disse que Cara freqüentava sua casa também para usar entorpecentes, pois seria dependente, segundo o depoimento. O suspeito tem antecedentes criminais, afirma o delegado, com vários atos infracionais cometidos antes de completar 18 anos. "Ele usa todo o tipo de droga e pode ser traficante também, pois não trabalha e sua casa era freqüentada por pessoas que estão nesse ;meio das drogas'. Ele falou sobre o crime com frieza", afirmou o delegado.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação