Cidades

Drogas chegam a Brasília por correspondência

Prisões realizadas recentemente apontam que drogas sintéticas chegam aos jovens brasilienses por meio de correspondências enviadas de países como a França

postado em 25/08/2008 07:38
Um envelope lacrado é enviado pelo serviço postal francês ao Brasil. Cruza o oceano em meio a centenas de correspondências e, a bordo de um avião, chega em um aeroporto internacional brasileiro. Um outro pacote deixa a Holanda também via aérea, alcança países do extremo norte da América do Sul e avança as fronteiras do país. Fiscais alfandegários e policiais federais não percebem, mas as supostas carta ou encomenda escondem microsselos de LSD ou comprimidos de ecstasy que acabarão nas mãos de traficantes nacionais.

As duas rotas internacionais descritas acima são consideradas novidades para a Polícia Civil do Distrito Federal. Investigadores da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) descobriram recentemente caminhos alternativos para a chegada das drogas sintéticas ao mercado consumidor brasiliense e aprofundam o trabalho a partir de provas recolhidas em apreensões realizadas na capital do país e cidades dos arredores. ;Pela primeira vez, encontramos indícios de que parte do LSD que chega a Brasília vem da França. Isso é novo;, afirmou o delegado Rodrigo Pires, da Cord.

As pistas encontradas pelos policiais são envelopes com remetente e carimbo franceses encontrados em uma quitinete do Sudoeste. O dono do imóvel é um dos envolvidos na maior apreensão de ácido lisérgico do ano no DF. Operação realizada pela Divisão de Operações Especiais (DOE) e a Cord ocorreu no último dia 13 e terminou com a prisão de dois jovens de classe média. Foram presos em um shopping e em um apartamento da Área Octogonal Sul (AOS). Um deles escondia 450 papelotes. O outro, 125. Há suspeitas de que faziam a venda ilegal em parceria, mas até agora não se provou a associação.

Denúncia anônima
As duas prisões próximas ao Sudoeste ocorreram a partir de uma denúncia anônima. É como se tornam possíveis boa parte das apreensões de ácido, pois o formato e a confecção das cartelas facilitam o transporte. Não têm cheiro e, por serem da espessura de um papel comum, podem ser dobradas ou picotadas. ;Os traficantes conseguem escondê-las em capinhas de CDs e dentro de livros. Por causa disso, escapam com certa facilidade até da fiscalização dos aeroportos internacionais, que acabam suscetíveis à entrada deste tipo de entorpecente;, afirmou Pires.

O inquérito aberto na delegacia especializada levantará o caminho específico dessa droga até o Brasil. Sabe-se que saiu de avião da França, enviada pelo serviço postal regular, e chegou a Brasília. A partir daí, especula-se que muitas cartelas também alcancem o país principalmente pelo Rio de Janeiro ou Santa Catarina antes de chegar às mãos de traficantes brasileiros. Certeza, por enquanto, é quanto ao destino que se daria aos 575 microsselos recolhidos há pouco mais de uma semana na AOS: uma festa de música eletrônica (rave) em área rural de São Sebastião.

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