Cidades

Impasse na remoção de quatro famílias na Estrutural

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postado em 31/08/2008 09:20
A negociação do Governo do Distrito Federal (GDF) para a retirada das últimas quatro famílias de chacareiros da Cabeceira do Valo, na Estrutural, terminou em impasse neste sábado (30/08). O temor de uma resistência violenta dos residentes da área levou a secretária de Desenvolvimento Social, Eliana Pedrosa, até o local para tentar um acordo com os moradores que se recusam a sair de lá. A área precisa ser desocupada para a instalação da rede pluvial e de esgoto da cidade, como parte do programa Brasília Sustentável. Uma nova reunião foi agendada para discutir o assunto amanhã, às 9h, na Terracap. Segundo fontes do GDF, havia risco de um confronto armado durante a desocupação das chácaras, mas o governo apostou na negociação para uma solução pacífica. De acordo com a secretária, 68 famílias já foram retiradas do local e instaladas na fazenda Monjolo, no Recanto das Emas, mas a proposta não agradou a todos. Durante as negociações, secretária Eliana Pedrosa chegou a oferecer uma área em Formosa, também recusada, e em São Sebastião, que interessou às famílias. No entanto, na hora de levar os chacareiros para conhecer o espaço, a secretária foi informada de que a área é disputada judicialmente. ;Não iria levá-los lá para um local que tivesse qualquer problema e corresse o risco de não ser definitivo;, afirmou Eliana. Os moradores reclamam que só receberam a notificação para deixar a área na última sexta-feira. O documento determina a desocupação das chácaras em até 48 horas. A família de Rodrigo Domingos, 29 anos, moradora da chácara nº1 trabalha com a produção de guariroba e afirma que está aberta à negociação, mas precisa de um prazo maior para se instalar em um novo local. ;Moramos aqui há mais de 10 anos e recebemos a notificação em cima da hora. Fomos surpreendidos ontem com a chegada dos operários do GDF, que derrubaram uma parte do nosso muro sem a nossa autorização;, acusou. O coronel Alexandre Costa, diretor da Defesa Civil, também participou da reunião para dar orientações aos moradores. ;Essa sempre foi uma área considerada de risco, mas agora o perigo é maior. Com a possibilidade de chuvas, o risco é latente. Por causa das obras, a água está canalizada e será direcionada para essa área;, explica. A Defesa Civil aconselhou a família moradora da chácara nº2 a sair de casa imediatamente. ;Se chover, eles serão levados pela água;, alertou Alexandre. Mas os moradores se recusaram. ;Moro nessa chácara há 16 anos, como é que eles me dizem que tenho que sair hoje da minha casa? As coisas não funcionam dessa forma;, argumenta o segurança Joaquim Campos, 31. Diante da negativa da família, uma equipe da Defesa Civil ficará no local para o caso de uma emergência. O governo se compromete a entregar aos moradores uma área do mesmo tamanho da ocupada atualmente, além de construir a infra-estrutura. O GDF destinou R$ 150 milhões para a remoção e instalação das famílias. Além das chácaras, 1.360 casas da Estrutural foram desocupadas.

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