Cidades

Grupo de 23 PMs garante segurança na aula conjunta dos CEF da 103 e da 106 Sul

;

postado em 04/09/2008 08:26
Os alunos da Escola Parque da 307/308 Sul nunca tinham visto tantos policiais juntos como na manhã dessa quarta-feira (03/09). ;Veio o quartel inteiro, foi?;, perguntou um dos meninos afoitos na porta do colégio. A movimentação começou cedo, antes mesmo do início das aulas. O primeiro soldado do Batalhão Escolar estava a postos na entrada às 7h30. O reforço chegou pouco depois em dois carros, três motos e um microônibus lotado. Um grupo de 23 policiais entrou nas salas por volta das 9h para revistar as mochilas dos cerca de 500 estudantes. Não foi encontrado nada de ameaçador. Enquanto isso, na sala da diretora, os dois protagonistas da briga que causou o rebuliço policial participavam de uma reunião a portas fechadas. Os garotos relembraram, cabisbaixos e acompanhados dos pais, a confusão da semana passada, em que um esbarrão entre eles resultou em troca de socos e pontapés. Os adolescentes saíram com a notícia da suspensão de três dias e de que serão transferidos. A direção não divulgou o destino dos alunos, por motivo de segurança. Um deles estudava no Centro de Ensino Fundamental (CEF) 1, na 106 Sul, e outro no CEF 3, na 103 Sul. Na reunião, os dois se encararam pela primeira vez depois da última sexta-feira (29/09), quando um dos garotos juntou 30 colegas para revidar as agressões com paus e pedaços de ferro. A polícia evitou a pancadaria. Estudantes dos CEFs 1 e 3 fazem aulas de música, dança, teatro e educação física na Escola Parque da 307/308 Sul duas vezes por semana. A unificação é parte do projeto da escola integral, implantado pela Secretaria de Educação no início deste ano. De acordo com um dos funcionários da escola, as turmas serão separadas para evitar novos confrontos. A direção não confirma. Aproximação A briga entre os dois adolescentes trouxe à tona a rixa entre escolas da Asa Sul. Nos próximos dias, pais e alunos dos centros de ensino envolvidos serão convocados para tratar do assunto com os educadores. ;Aumentar o policiamento por uns dias não resolve. Precisamos trabalhar a aproximação desses grupos;, comentou o tenente-coronel Nelson Garcia, comandante do Batalhão Escolar. Entre os estudantes, há quem acredite que a confusão não tem data para terminar. ;Esse pessoal não é bobo. Vai esperar a poeira baixar para retomar a briga;, disse um aluno do CEF 1. Os pais, preocupados com a situação, ficaram um pouco aliviados ao se depararem com tantos policiais na manhã de ontem. ;Mesmo assim vou ficar aqui de plantão esperando ela sair;, avisou a dona-de-casa Ildene de Sousa, 45 anos, mãe de aluna. ;Não é a primeira vez que ouço falar desse tipo de briga;, emendou Rosângela Said, 44, que foi buscar a filha na porta da escola. Muitos responsáveis pelos alunos fizeram o mesmo. A gente não pode confiar. Mas até fiquei mais tranqüila quando vi os policiais;, disse a doméstica Luzia Alves, 56, avó de uma menina de 13 anos. Além da presença maciça da Polícia Militar, servidores da Secretaria de Segurança estiveram na escola durante a manhã. Eles chegaram em dois carros caracterizados e foram saber se estava tudo bem, a mando do governador José Roberto Arruda. Policiais à paisana também rondavam os arredores do colégio. ;Fica parecendo que a gente é malandro. Em todo lugar dessa escola tem policial hoje;, reclamou uma estudante. ;A gente perde a nossa liberdade;, completou um colega. Mas a turma estava dividida. ;É bem melhor assim, a gente se sente mais seguro;, disse um garoto, ao elogiar o reforço na segurança. ;Eu já estou acostumada com isso. Não vejo problema. Mas é bom para a minha mãe ficar mais tranqüila;, concordou outro aluno. ;Confusões são normais; Os diretores dos CEFs 1 e 3 e da Escola Parque comandaram a reunião em que se decidiu a suspensão e a transferência dos responsáveis pela briga da semana passada. Depois do encontro, os educadores disseram ao Correio que o episódio não passa de um ;fato isolado;. Eles reconhecem que as confusões existem, mas as consideram ;normais;. O vice-diretor do CEF 1, Gérson Carlos Vieira, adotou um tom áspero para classificar o envolvimento da imprensa no assunto como ;alarde desnecessário;. Alunos, pais e funcionários ouvidos pela reportagem sustentam, no entanto, que as brigas do lado de fora das escolas são constantes. A própria diretora do CEF 3, Sheila Santana, chegou a dizer na última segunda-feira que as pequenas rixas poderiam se tornar ;algo crescente;. Ontem, ela ponderou: ;Mas não vivemos um clima de terror.; ;Não existem gangues aqui. Infelizmente, toda essa situação fez a escola virar um caos;, emendou a diretora da Escola Parque, Delaine Veras.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação