Cidades

Acusado de homicídio encara Tribunal do Júri de Brazlândia

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postado em 04/09/2008 08:51
Quase um ano depois da morte do filho Rodrigo, Dimara Barbosa Moreira, 36 anos, mostra os brinquedinhos de miçangas que ele aprendeu a fazer enquanto cumpria medida de privação de liberdade no Centro Educativo Amigoniano (Cesami). A mãe perdeu o filho mais velho em 14 de outubro do ano passado. Rodrigo tinha, à época, 17 anos e foi assassinado a facadas. ;É a maior dor do mundo. Eu ainda não entendo como tudo isso aconteceu;, diz, contendo o choro. Nesta quinta-feira (04/09), Dhiego Dias Barbosa, um dos acusados pela morte de Rodrigo, será levado a julgamento. Dimara estará no plenário do Tribunal do Júri de Brazlândia a espera por Justiça. ;Meu filho não volta mais, mas quero que o assassino pague pelo que fez;. Rodrigo era usuário de drogas e, de acordo com a família, teria sido morto porque possuía dívidas com traficantes. ;Na semana do crime, ele estava muito tenso. Os `maus` amigos não paravam de vir aqui para incomodá-lo;, conta o pai, Ronan Silva e Sá, 43 anos. Dhiego era um desses maus amigos, Rodrigo conhecia o rapaz da vizinhança e já havia participado de furtos ao lado dele. ;Meu filho disse que devia R$ 450, eu sugeri que vendêssemos um forno para pagar;, relata a mãe, a quem o rapaz contava os segredos. Fazia apenas 20 dias que Rodrigo havia voltado do Cesami, depois de ter sido acusado de roubar uma padaria da cidade. Durante a investigação surgiram outras hipóteses para explicar a motivação do crime, Rodrigo teria sumido com um revólver emprestado por Dhiego e também teria testemunhado contra ele no caso do assalto à padaria. ;Ele se meteu em encrenca, mas nada justifica a brutalidade que tiveram ao assassiná-lo;, opina o pai, que é funcionário da Secretaria de Educação. O corpo de Rodrigo, que era bonito e vaidoso, foi encontrado em um matagal próximo à expansão de Brazlândia e estava retalhado por mais de 20 golpes de faca. ;Eu já trabalhei em açougue, cortando carne. Mas nunca vi uma barbaridade como essa. Nem os animais morrem da maneira que meu filho morreu;, lamenta Ronan. O pai acredita que outras pessoas participaram do crime, no entanto, as investigações reuniram provas apenas contra Dhiego. Preso no Complexo Penitenciário desde dezembro do ano passado, depois de ter fugido para o interior da Bahia, Dhiego será julgado por homicídio triplamente qualificado. De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Distrito Federal, o crime foi praticado por motivo torpe ; um desentendimento entre o acusado e a vítima; sem chance de defesa ; a relação de amizade entre os dois serviu para que o acusado atraísse a vítima para um local isolado e alguns golpes foram desferidos pelas costas; e com o emprego de um meio cruel ; as facadas prolongaram o sofrimento de Rodrigo. Se os jurados confirmarem a autoria do assassinato e aceitarem pelo menos uma das qualificadoras propostas pela acusação, o crime será considerado hediondo e a pena ficará entre 12 e 30 anos. Se confirmarem a autoria, mas rejeitarem as qualificadoras, a pena será de seis a 20 anos. Se acreditarem que Dhiego é inocente, ele já deixa o prédio do fórum livre. O advogado de Defesa, Norberto Soares Neto, aposta neste último resultado. ;Dhiego não confessou a autoria. O que existe contra ele são apenas depoimentos de testemunhas que ouviram dizer, ou seja, são apenas fofocas;, afirma Norberto Soares Neto. O julgamento está marcado para as 9h30. Nova lei Em março do ano passado, a Lei nº11.464 mudou o regime de progressão de pena para sentenciados por crimes hediondos. Antes da lei, depois de cumprir 1/6 da pena em regime fechado, o sentenciado poderia pedir a progressão para o regime semi-aberto e, em seguida, para o aberto. Agora, é necessário cumprir 3/5 da pena antes de ter direito aos benefícios. O assassinato de Rodrigo aconteceu depois da nova lei, portanto, se condenado por crime hediondo, o acusado Dhiego cumprirá a pena já de acordo com a nova lei.

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