postado em 05/09/2008 08:34
A guerra histórica entre gangues de Planaltina é uma das causas do tiroteio que matou dois jovens e deixou outro ferido na tarde da última quarta-feira (03/09). O servente de pedreiro Antônio Alves de Melo, 26 anos, não resistiu à gravidade dos ferimentos e morreu às 11h30 desta quinta-feira (04/09), na UTI do Hospital Universitário de Brasília (HUB). No fim da tarde de ontem, a família do soldado do Exército Marcos dos Santos Ribeiro, 20, enterrou o corpo do rapaz. A terceira vítima, o jogador de futebol Gustavo dos Santos Borges, 23, escapou com ferimentos leves provocados pelos estilhaços das balas.Os dois jovens foram assassinados por engano na porta do Centro de Ensino Fundamental 3. Segundo o delegado chefe da 31; DP (Planaltina), Domingos Sávio Dutra, um adolescente de 16 anos foi o autor dos disparos. Na verdade, ele queria acertar outro menor, ex de sua namorada, porque sentia ciúmes da relação dos dois. No entanto, amigos e familiares das vítimas estão convencidos de que se trata de mais um caso de rixa entre jovens do Buritis III e do Buritis II, bairros de Planaltina conhecidos como Pombal.
Na tarde dessa quinta o Correio localizou uma amiga dos jovens envolvidos no tiroteio, que confirmou essa versão. ;Os meninos daqui (Pombal) nunca gostaram dele (o adolescente que efetuou os disparos) porque é muito bonito, dança axé e é popular. Ficaram caçando motivo para pegar ele. Quando descobriram que ele é lá da quadra 16 (Buritis III), ameaçaram ele de morte;, relatou a menina.
Outra fonte ouvida pela reportagem contou que, além dos dois menores ; o que ameaçou e o que efetuou, equivocadamente, os disparos contra o grupo de jovens na tarde de quarta-feira;, existe mais um menor envolvido nas ameaças ao morador da quadra 16. ;Essa história de ciúme de namorada é mentira. Não existe isso. Eles até falaram para ele sair da escola e não pisar mais aqui no Pombal;, completou um estudante conhecido do grupo de rapazes. Até as 19h20, o autor dos disparos continuava foragido.
Apesar dos relatos colhidos pela reportagem, o delegado chefe da 31; DP (Planaltina) sustenta que a investigação aponta o ciúme do que atirou como causa do tiroteio. ;O fato de morarem em quadras rivais é um ingrediente a mais para esse crime;, admitiu. Ainda falta encontrar a arma usada no crime. Testemunhas falam em um revólver .38. Mas, segundo a polícia, essa arma tem apenas seis cartuchos, o que não descarta o uso de pistola, uma vez que os populares contaram ter ouvido pelo menos sete disparos. ;Para a delegacia o caso está encerrado. O autor é menor. Assim que ele for pego ou se apresentar, será encaminhado para a Delegacia da Criança e do Adolescente;, afirmou.
Revolta
Os familiares dos jovens assassinados por engano estão revoltados. Coincidentemente, eles moram a menos de 100 metros uns dos outros. Amigos chegavam a todo momento para prestar solidariedade. O tio de Marcos, o autônomo Valdeci Rodrigues, 32 anos, contou que a irmã Ivani e o cunhado Marolino estão sob efeito de calmantes. ;Eles passaram a noite em claro. Não querem comer, tomar água, nada;, contou.
A poucos metros dali, quatro policiais militares vigiavam a entrada e saída dos alunos do Centro de Ensino Fundamental 3, em frente a onde aconteceu a tragédia. O diretor da instituição recebeu os estudantes na porta. O número de pais que foram deixar as crianças no colégio foi muito maior do que antes do tiroteio. ;Hoje eu vim trazer meu filho a pedido dele, que estava com medo;, contou o comerciante Valteci Cardoso, 46 anos. A mãe de uma aluna fez um pedido ao diretor ao deixar a filha na escola. ;Ela só entra e sai comigo. Com mais ninguém;, pediu a mulher, que se identificou apenas como Sueli.