postado em 06/09/2008 08:14
O servidor do Senado Federal que está sendo acusado pela Polícia Civil de exploração sexual de menores pediu desligamento por tempo indeterminado do cargo comissionado que ocupava. Ele se afastou na quinta-feira (04/09), alegando que precisará se concentrar na defesa das acusações de ter pago para fazer sexo com, pelo menos, três adolescentes de 14 a 16 anos de idade.O Correio apurou que o apartamento onde o advogado, de 46 anos, teria mantido relações sexuais com as menores não é sua única morada. O servidor, originalmente lotado na gráfica do Senado, tem uma casa no Lago Sul e, segundo moradores de uma quadra da Asa Sul, costuma chegar ao apartamento acompanhado de mulheres. Nenhuma das pessoas com quem o Correio conversou, no entanto, afirmou desconfiar de que se tratava de menores de idade. Imagens do circuito de segurança no prédio onde teriam acontecido os encontros serão usadas no inquérito.
No Congresso Nacional a reportagem publicada ontem pelo Correio repercutiu rapidamente nos corredores. Pessoas que, em algum momento, trabalharam próximas ao servidor, não estranharam as acusações. ;Ele gosta mesmo das novinhas;, comenta um colega, que pede para não ser identificado. Com o afastamento do cargo comissionado, o acusado deverá perder parte de um salário que passa dos R$ 15 mil, mas o departamento de recursos humanos do Senado não divulgou os valores exatos alegando que as informações são sigilosas.
No local de trabalho do acusado, o clima era de perplexidade. O senador que ocupa o gabinete onde o suspeito trabalha há mais de dez anos informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que aceitou o desligamento do funcionário torcendo para que a investigação mostre que tudo não passa de um engano. Os colegas não quiseram dar declarações.
Segurança
A primeira vítima do acusado, segundo a polícia, teria sido uma jovem, hoje maior de idade, que vendia artigos diversos nos corredores do Congresso. ;Às vezes, são meninas bem novas, um alvo muito fácil. Hoje recebi uma ligação do pessoal da segurança do Senado e eles me garantiram que esse tipo de comércio vai acabar. As menores não terão mais permissão para vender nada na Casa;, relata o delegado André Victor do Espírito Santo, titular da 30; Delegacia de Polícia (São Sebastião), encarregado do caso. O Correio tentou entrar em contato com a chefia da segurança, mas não foi atendido.
As demais vítimas, segundo o Correio revelou ontem, seriam duas adolescentes de 16 anos moradoras do Guará e uma, de 14, de São Sebastião. Essa última teria sido vítima de abusos em 21 de agosto. ;Ela recebeu R$ 400 do algoz, gastou tudo em um shopping e não conseguiu explicar para a mãe a origem dos objetos comprados;, relembra Espírito Santo. ;Ela então fugiu de casa e entramos no caso quando a mãe veio relatar seu desaparecimento;, completa.
Por meio do depoimento das meninas, o delegado concluiu que o advogado se utilizava do poder econômico para comprar os serviços e o silêncio das vítimas. ;Todas de baixa renda, suscetíveis a esses abusos porque R$ 400 é uma fortuna para elas;, aponta. Os encontros, segundo elas, sempre aconteciam no prédio no início da Asa Sul, uma das áreas mais nobres da cidade. O delegado busca agora provas materiais para concluir o inquérito e indiciar o servidor por exploração sexual de adolescentes, que prevê pena de quatro a 10 anos. ;O síndico do prédio me disse que houve um problema com as imagens do sistema de segurança, mas tenho certeza de que a perícia conseguirá recuperá-las. Além disso, estou esperando dados da quebra do sigilo telefônico dos envolvidos;, conclui. O Correio não conseguiu entrar em contato com o acusado nesta sexta-feira (05/09).