postado em 07/09/2008 07:13
A Feira do Livro de Brasília termina neste domingo (07/09), mas os problemas que marcaram a 27ª edição de um dos eventos mais tradicionais de literatura da cidade vão se arrastar por tempo indeterminado. A Secretaria de Cultura do Distrito Federal afirmou que não vai liberar os R$ 400 mil esperados pela organização da feira para custear despesas. Com dívidas até o pescoço, a Câmara do Livro do Distrito Federal (CLDF) ainda não sabe como quitar as contas com as empresas que prestaram serviços durante os nove dias do evento. Para a Secretaria de Cultura, faltou transparência no plano de trabalho apresentado pela CLDF ao governo.
O desencontro entre as partes começou em outubro de 2007, quando uma comissão de deputados aprovou orçamento de R$ 700 mil para o evento. No início de agosto, a Secretaria de Cultura reduziu a verba para R$ 600 mil e, três dias antes do início da feira para R$ 400 mil. ;Nós entregamos toda a documentação, apesar da desorganização do governo, que mudava o orçamento toda hora. No entanto a verba ainda não saiu;, argumentou o presidente da CLDF, Valter da Silva. O secretário adjunto de Cultura, Beto Sales, explica que o departamento jurídico do órgão detectou flata de transparência na destinação da verba proposta pelos organizadores. ;Eles foram precipitados. Além disso, não podemos liberar verba pública para um evento que já começou;, afirmou.
No clima de bate-boca, a discussão terminou com a decisão da secretaria de não liberar a verba. ;Podemos repassar esse dinheiro, mas para outros eventos da Câmara, como uma edição da feira em outras cidades do DF, por exemplo. Tudo desde que esteja de acordo com exigências legais;, enfatizou Sales. Ele ressaltou que a Secretaria de Cultura deu início a uma mudança profunda na liberação de dinheiro para realização dos eventos.
;Estamos mais cautelosos nas análises para evitar desvios. Reconhecemos a grande importância da feira para a cidade, mas os produtores terão de mudar o comportamento a partir de agora. Sem transparência, o dinheiro não sai;, decretou. Ontem, pela falta de pagamento, a empresa responsável pela geração de energia para os estandes cortou a luz por duas horas.
Calote no poeta
Segundo a organização do evento a dívida com a produção pode ultrapassar os R$ 400 mil. ;Temos que pagar montadores, técnicos de som e luz, passagens aéreas e outras dezenas de profissionais. Vamos tentar negociar essas dívidas;, observou Valter. Nem o homenageado da edição, o escritor amazonense Thiago de Mello, escapou da falta de organização. Voltou para casa sem o cachê combinado em R$ 10 mil. Apesar dos contratempos, tanto o governo quanto a câmara garantem que o último dia da feira não será prejudicado. Toda a programação oficial será mantida, das 10h às 19h.
Há cinco anos, o arquiteto André Pinto freqüenta a feira. Neste domingo, ele a filha Maria Eduarda, de 5 anos, aproveitaram a manhã para compar livros. ;Não sabia qu estava tendo esse problema com a verba. Pelo menos os visitantes não foram afetados;, disse.
Já o empresário Murilo Brito, responsável pelo estande da Santana e Brito Distribuidora, reclamou do descaso do governo. ;É o principal evento literário da cidade. Ao invés de cortar a verba, o governo deveria se desdobrar para a feira acontecer;.