Cidades

Equipamento encontrado nos cassinos será encaminhado ao Instituto Criminalista

;

postado em 16/09/2008 07:56
Os computadores encontrados pela polícia civil no cassino da 714 Sul foram encaminhados ao Instituto de Criminalística. ;Eles devem nos contar muito do que se passava no local;, estima a delegada Martha Vargas, titular da 1ª Delegacia de Polícia da Asa Sul. Também vão para o instituto as armas e as agendas dos sócios da casa e da sobreloja da 514 sul, onde funcionava outra central de jogos ilegais estourada pela polícia na última sexta-feira. Ontem, três das 25 pessoas detidas na operação voltaram à 1ª DP para reaver os celulares deixados nos locais. Somente um teve o aparelho restituído. Ele apresentou a nota fiscal de compra. A delegada já começou a ouvir os sócios e identificou um deles como dono da maleta onde estavam cheques, dinheiro e uma pistola taurus. No escritório da casa da 714 também foi encontrado um recibo de aluguel do imóvel, em nome da mesma pessoa. ;A casa foi alugada por imobiliária;, disse a delegada. Os cheques, que somavam mais de R$ 270 mil e tinham como origem agências bancárias localizadas na sede do Banco Central, do Senado Federal e da Câmara, já estão à disposição da Justiça. A Corregedoria da Polícia Militar vai instaurar sindicância em nível disciplinar para avaliar o envolvimento do cabo da PM que foi detido durante a operação. ;Fomos informados de que a arma encontrada com ele é particular;, afirmou o corregedor, coronel Francisco Soares Maia, que vai requerer a documentação da polícia civil para iniciar os procedimentos. Aposta errada Há cinco anos, foi fundado em Brasília um grupo de jogadores anônimos, com a intenção deliberada de ajudar a mudar a vida de viciados em jogos de azar. A instituição era ligada ao movimento nacional, que funciona em São Paulo. Ex-apostadores vieram à capital dar o depoimento e auxiliar os ;dependentes;. Mas o entusiasmo inicial não durou. Em pouco tempo, os jogadores voltaram à ativa e o grupo se dissolveu. ;Não vejo nada na medicina que possa ajudar. O que resolve em casos de compulsão como esse é a psicoterapia, para que a pessoa possa entender o que está fazendo consigo e com sua família e rever a sua escala de valores;, comenta o psiquiatra Carlos Alberto Gonçalves. Luiz * começou a jogar em 1997. Havia se separado da mulher e a distância dos filhos deixara um vazio que não sabia como ocupar. Um colega fez o primeiro convite: ;que tal relaxar jogando um pôquer?; Luiz aceitou. Nesses 11 anos, fez das casas de jogos o único local permanente em sua rotina. Toda terça, sexta e sábado, quando sai do trabalho, entra numa sala esfumaçada, com as paredes sujas e mal pintadas, onde quase não corre ar, e divide uma das três mesas com outros homens cujas histórias são quase as mesmas. O apostador nunca procurou ajuda, mesmo afirmando ter vontade de parar. ;O mundo em que estou vivendo é esse, e é difícil sair;. Ele sabe bem do que fala. Já perdeu uma casa no Guará, uma loja no Setor de Indústrias e um apartamento no Cruzeiro Novo. Somando todos os anos em que se enfiou de cabeça na jogatina, foram pelo ralo R$ 2,5 milhões. ;Hoje, tenho meu salário e dívidas;, afirma. Salário já comprometido por empréstimos para pagar o que deve para os donos das casas de jogos. Cheques de R$ 10 mil, R$ 20 mil, que ele já perdeu em uma única noite. ;Ainda consigo trabalhar, porque lá (é servidor de importante órgão público) ninguém desconfia que eu jogo. Às vezes amanheço numa mesa. Não perdi só a mulher e os filhos, perdi toda a família. Eu era o piloto da casa, eu que cuidava de tudo, dos pais e dos irmãos, agora eles nem querem me ver mais;, conta ele.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação