postado em 17/09/2008 08:02
Um dia depois da tentativa de assalto que acabou com a morte de dois criminosos no Trecho 2 do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), o clima de insegurança era a tônica no local. Comerciantes e clientes reclamaram da falta de policiais nas ruas e revelaram os bastidores de histórias de terror vividas nos últimos meses. Apesar de não ser considerada uma área crítica, as polícias Militar e Civil admitem que o SIA requer atenção especial. A alta concentração de renda no comércio é atrativo para os bandidos, o que representa um risco de alta na criminalidade na região. O setor engloba 50% do Produto Interno Bruto (PIB) do DF, que em 2001 estava na casa dos R$ 30 bilhões.
;Já passei duas horas na mira de um .38. Achei que ia morrer. Esse povo não tem dó da gente. Se não tiver dinheiro, mata mesmo;, revelou Paulo Pereira, 36 anos, gerente de um posto de gasolina. Para ele, que presenciou quatro assaltos ao estabelecimento onde trabalha nos últimos dois anos, a segurança na região é péssima. ;A falta de polícia encoraja a bandidagem e nos deixa reféns;, disse. Segundo o comerciante, os assaltantes costumam agir em dupla e sobre motos. Enquanto um aborda o frentista, o outro dá cobertura para a fuga. A descrição se assemelha à cena da tragédia de segunda, quando o policial Rodrigo Botelho matou dois bandidos após ser roubado em frente a uma agência bancária. O policial civil ainda feriu um terceiro, que fugia de moto e se recupera no Hospital de Base.
Segundo a delegada-chefe da 8ª DP (SIA), Deborah Menezes, os postos de gasolina e as agência bancárias são os estabelecimentos mais visados na região. ;Por concentrarem mais dinheiro, os bandidos abordam os clientes;, afirmou. Nos últimos quatro meses, a delegacia registrou 10 assaltos a postos, 18 roubos a pedestres, quatro assaltos próximo a bancos e dois roubos com restrição de liberdade. O comandante do 4º Batalhão da PM, coronel Silva Filho, acredita que o número de ocorrências está dentro da normalidade. ;Fazemos rondas de moto e em viaturas. Reforçamos nos primeiros dias do mês por causa do período de pagamento no comércio;, contou o militar.
Flagrante
Na tarde de ontem, a equipe do Correio presenciou uma tentativa de furto em frente ao Centro Empresarial do SIA. Dois homens em um Chevrolet Monza azul tentaram arrombar a corrente de uma moto preta no estacionamento do prédio. O encarregado do edifício, Antônio Araújo, 31, acionou a polícia e ficou na janela para os bandidos perceberem que estavam sendo observados. Diante da movimentação dos ;olheiros;, os dois desistiram. ;Aqui tem furto direto;, comentou. Nas lojas, os comerciantes apostam em equipamentos de alarme e câmeras de vídeo para a segurança do patrimônio e dos clientes.
Segundo o coronel Augusto Pena, responsável pelo programa de postos de segurança comunitária da PM, o SIA deve receber duas unidades até o fim do ano. ;A primeira será inaugurada até o fim da semana (Terminal de Cargas) e a outra até o fim do ano (entre a Cimfel e o Banco de Brasília);, detalhou. Para o presidente da Associação das Empresas do SIA, Hélio Aveiro, a área precisa de uma Companhia de Polícia. No fim de agosto, ele se reuniu com o secretário de Segurança do DF, Valmir Lemos, para fazer o pedido, que ainda será analisado. ;Milhares de pessoas passam pelo SIA e somos a principal economia do DF. A segurança para os nosso clientes é o mínimo;, concluiu o empresário.
QUEM CABE LÁ
3.805 empresas de pequeno, médio e grande porte
300 mil pessoas passam pelo local diariamente
90 mil trabalham no SIA
17 agências bancárias
7 postos de gasolina
8 trechos e um terminal de cargas
1 Delegacia de Polícia (8ª DP)