postado em 23/09/2008 08:16
A determinação do Governo do Distrito Federal que proíbe camelôs nas ruas de Brasília segue sendo descumprida nas áreas centrais da cidade. Vendedores ambulantes insistem em disputar espaço com os pedestres nas calçadas do Setor Comercial Sul (SCS), Setor Bancário Sul (SBS), Setor de Diversões Sul (SDS) e da W3 Sul. No Shopping Popular, construído para abrigar os vendedores, grande parte dos 1,7 mil boxes previstos está fechada ou em construção. Quem começou a trabalhar no local, há cerca de três meses, reclama do baixo movimento.
Ainda com atuação discreta, é possível observar os ambulantes vendendo mercadorias em caixas de papelão em frente ao Pátio Brasil, no SCS ou nas proximidades do Conic. Eles foram proibidos de montar as bancas na região central em 11 de maio último. A reportagem do Correio flagrou ; na semana passada e ontem ; alguns camelôs que continuam preferindo trabalhar nas ruas, mesmo sob o risco de terem as mercadorias apreendidas pelos fiscais da Agência de Fiscalização do DF (Agefis), responsável por mantê-los longe da área. A qualquer sinal da Kombi que transporta os agentes, os camelôs correm para salvar os produtos.
Não há muita variedade entre as mercadorias oferecidas. Na maioria das vezes são CDs, DVDs, programas e jogos de informática. A razão é a facilidade de transportar esses objetos em caso de ação dos fiscais. Para tentar ;driblar; o trabalho dos agentes vale tudo. ;Das 12h às 14h é mais tranqüilo porque é a hora de almoço dos fiscais, então podemos trabalhar com mais calma;, afirmou um dos ambulantes do SCS que preferiu não se identificar. E foi na hora do almoço que três grupos de ambulantes montaram bancas improvisadas ontem no SBS, ao lado do prédio do Banco do Brasil.
A Agefis garante realizar operações diariamente. ;Tentamos surpreendê-los com a fiscalização constante. Eles precisam respeitar as áreas estipuladas pelo governo para o comércio em cada cidade, mas é fato que houve uma grande redução no número de camelôs;, avaliou o diretor da agência, Rôney Nemer.
Boxes
Quem continua nas ruas se queixa do processo de distribuição dos boxes para o novo Shopping Popular, erguido ao lado da Rodoferroviária. Entre as acusações mais freqüentes está a de sorteio dos espaços para pessoas que não trabalhavam como ambulantes. Outros reclamam que, antes mesmo da inauguração do centro comercial, previsto para 12 de outubro, alguns beneficiados já venderam os espaços adquiridos nos sorteios.
De acordo com o coordenador de feiras do DF, João Oliveira, em razão das denúncias, o processo adotado para a distribuição dos boxes foi analisado pela Corregedoria do DF. ;O governo fez investimento altíssimo para organizar os ambulantes, por isso a preocupação em analisar toda a documentação dos 1.300 espaços já distribuídos. Destes, 1.077 estão aptos a funcionar e 243 têm documentação pendente.;
No shopping, os ambulantes que trabalham no local há mais de três meses não se conformam com o pouco movimento de consumidores. Vera Lúcia Alves, 33 anos, vende roupas infantis e não está satisfeita. ;Os clientes que vêm aqui e encontram os boxes vazios ou em construção acabam desistindo da compra. Os comerciantes precisam vir ocupar o espaço para aumentar a procura;, defendeu.
Segundo Pedro Neto de Freitas, 43, o movimento só deve melhorar após o fim das obras, em outubro. ;Acho que a iniciativa é boa, mas poderíamos ter vindo para cá depois de tudo pronto. O cheiro de tinta afasta os compradores, mas estou confiante de que a situação mudará quando o shopping estiver completo;, disse. Pedro estima que, quando trabalhava na Quadra 6 do Setor Comercial Sul, ganhava até R$ 500 por semana. No novo local, o rendimento caiu para R$ 190 a cada sete dias.