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Banda NX Zero passeia por Brasília e comenta sucesso do grupo

A convite do Correio, integrantes do NX Zero passeiam pelo Setor de Diversões Sul e comentam o sucesso do grupo, o mais popular da nova geração do rock brasileiro

postado em 23/09/2008 10:35
Dois anos atrás, Diego e Leandro passariam despercebidos por um local de grande movimentação de pessoas em Brasília. Mas há uma semana, os óculos escuros não foram suficientes para manter anônimos o vocalista e o guitarrista da banda NX Zero. Diego "Di" Ferreiro e Leandro "Gee" Rocha estiveram na cidade para divulgar o mais recente disco do grupo paulistano, Agora. Entre uma entrevista para rádio e um almoço com os fãs, os dois músicos de 23 anos se encontraram com a reportagem do Correio Braziliense no Conic para comentar como é ser a mais popular nova banda brasileira de rock. Óculos não foram suficientes para mantê-los anônimos
No começo, os óculos até ajudam, mas não demora muito para uma fã indagar se eles estão na cidade para fazer show. "Me avisem quando voltarem, hein?", pede. Outra menina entra na loja de camisetas onde os dois estão e pergunta: "Posso gritar?". Alessandra Sales, 18 anos, não grita, mas está visivelmente nervosa, tremendo diante dos rapazes que autografam seu caderno. Pouco depois, um adolescente com fones no ouvido passa e diz: "Estou ouvindo vocês agora". "É nóis", responde Di. "Isso é muito legal, cara", comenta, deixando transparecer que o reconhecimento ainda o surpreende. Ouça - "Cedo ou Tarde" (23/09) "Hoje tá sussa (corruptela para sossegado, muito comum entre os paulistas). Em São Paulo, a gente não pode ir a um shopping, dependendo do horário, ou à Galeria do Rock", conta Gee, em referência ao famoso reduto de lojas de discos, roupas e acessórios de música (rock e hip hop, em especial) da capital paulista, conhecido ponto de encontro de adolescentes das mais variadas "tribos urbanas" ; entre elas, a turma com a qual o NX Zero é geralmente associado, os emos. "O emo virou uma coisa banal, uma parada que não era assim. Não tem como explicar. Antigamente era até legal você dizer que ouvias bandas emo ; era um som diferente do que se associa ao termo agora, não tinha essa relação com o visual tão forte. Hoje não tem salvação, virou uma coisa negativa", avalia Di. "Ainda bem que a gente saiu disso. O problema é que muita gente não ouve a banda por conta desse preconceito", acrescenta Gee. Emo ou não, o NX Zero foi beneficiado pela moda que, nos últimos anos, colocou franjas nas cabeças, munhequeiras nos pulsos e lágrimas nos cantos dos olhos de jovens Brasil afora. "Nunca tivemos um público alvo", conta Gee. "Quando éramos uma banda independente, bem menos conhecidos do que somos hoje, quem ia aos shows era quem curtia o som. Depois dessa superexposição, quem gostou, gostou. Mas no nosso público tem de tudo, de moleque a cara velho", destaca Di. De fato, seria exagero imaginar que as 125 mil cópias vendidas do CD NX Zero (2006) ; segundo álbum da banda, o primeiro por uma grande gravadora, a Arsenal Music, selo do produtor Rick Bonadio (o mesmo por trás de Mamonas Assassinas, CPM 22 e Rouge, entre outros) distribuído pela major Universal Music ; foram compradas apenas por rapazes e moças extremamente emocionais. Na noite anterior à entrevista, a banda tocou diante de 50 mil pessoas em plena segunda-feira, na festa de aniversário da cidade paulista de Poá. Lançado há menos de quatro meses, Agora já vendeu aproximadamente 65 mil cópias (o número cresce para 78 mil se somadas as vendas digitais). Cuidado com os fãs Além do inegável apelo pop de suas canções, da exposição em rádio e tevê, um fator ajuda a explicar a popularidade do NX Zero. "Chegamos umas duas horas antes de cada show para receber os fãs. E mesmo assim, não dá pra falar com todo mundo", conta Gee. "Sempre tivemos esse cuidado com nosso público. Desde a época do independente. Mantemos nosso fotologs, a comunidade no Orkut, tudo atualizado", ensina Di, que durante o passeio pelo Conic atendeu com simpatia todos os pedidos de foto e autógrafo. Planos para um novo disco ainda não passam pela cabeça dos músicos. Di revela que ele e Gee têm um projeto paralelo com a participação de rappers como Túlio Deck e Xis. "Não é nada sério. São coisas que não caberiam na banda. Não sei se pode influenciar o próximo trabalho", adianta. Caso o sucesso do NX não dure mais, Di e Gee já sabem o querem para a vida. "Com certeza, faria outra banda. E com o Gee", arrisca Di. Como tivemos uma boa escola quando éramos independentes, acho que saberíamos como começar de novo", acredita o guitarrista. Antes do sucesso no mainstream, o NX Zero fazia sucesso no circuito alternativo de rock. Nessa época, estiveram em Brasília uma porção de vezes. "Tirando as incertezas, o legal daquele tempo era cair na estrada. Duas bandas em uma van. Passando por Uberaba, Uberlândia e depois Brasília", conta Gee. "A gente chegava ao local do show e eu já ia montar a nossa banquinha de merchandising. Se hoje damos valor a tudo que conquistamos é porque já ralamos muito", lembra Di. Depois dos shows, nada de fãs histéricas. "A aproximação das pessoas era diferente. Era mais para falar de música", compara o vocalista. "Hoje, as pessoas vêem você na tevê e acham que você não existe, que é de outro mundo."

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