Governo local cria subadministração para tomar conta da área central da cidade

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postado em 26/09/2008 09:00

O Governo do DF resolveu ocupar a Rodoviária do Plano Piloto. O governador José Roberto Arruda anunciou a criação de uma subadministração com a missão específica de cuidar da área central da cidade. A nova pasta ficará sob o comando do coronel Pedro Paulo Teixeira, que deixa a coordenação do programa Cidade Limpa. Arruda extingüiu a administração da rodoviária e demitiu o até então titular, Ivaldo Diniz. Neste fim de semana, o GDF começa a veicular a Campanha de Cidadania, que terá anúncios em jornais e emissoras de rádio e TV contra a exploração sexual e o trabalho de crianças. Além disso, as duas plataformas passarão por reformas estruturais e haverá ações integradas das secretarias de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest) e de Segurança Pública. As medidas emergenciais foram anunciadas depois que o Correio começou a publicar uma série de reportagens que mostra a exploração sexual de crianças e adolescentes na rodoviária. A central de comando dessa força governamental será o prédio do Touring Club. José Humberto Pires anuncia as medidas do GDF para o combate à exploração sexual infantil na rodoviária do Plano Piloto No mesmo local ficarão os agentes da Sedest, os fiscais da Agência de Fiscalização do DF responsáveis pela região, a 7ª Companhia de Policiamento Militar Independente e a 5ª Delegacia de Polícia, que atualmente funciona em salas alugadas no Setor Bancário Norte (SBN). Ontem de manhã, durante evento na Novacap para a entrega de 208 medalhas a personalidades consideradas relevantes para o progresso do DF, José Roberto Arruda citou as reportagens do Correio. ;O poder público tem que estar presente não só com polícia, mas atuando nas causas.; O governador também se mostrou preocupado com a presença de carros de luxo alimentando o mercado da prostituição. ;A degradação não é apenas nas camadas inferiores. Há também degradação em certa camada social que tem recursos. Aquele carro flagrado em atitude suspeita pelo jornal, nós temos que ir atrás do condutor, pois não existe prostituição sem prostituidor;, sentenciou, em referência ao Mercedes prateado fotografado pelo Correio abrindo as portas a um menino de rua. A foto foi publicada na edição de ontem. Terminal ainda parece dormitório A nova subadministração criada pelo governo terá muito trabalho. Na manhã seguinte à vistoria realizada pela secretária de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda, Eliane Pedrosa, e pelo secretário de Segurança Pública, Valmir Lemos, a rodoviária ainda era o dormitório de dezenas de moradores de rua, muitos deles crianças e adolescentes. A reportagem do Correio chegou por volta das 6h e flagrou várias situações irregulares, que incluem transporte irregular de passageiros, venda ilegal de vales-transporte e, principalmente, crianças e adolescentes dormindo ao relento ou usando drogas. Uma das cenas que mais impressionava era a improvisação do posto do Banco de Brasília (BRB) como quarto por um grupo de cinco pessoas, incluindo uma criança. Outras aglomerações eram vistas nas colunas da área mais próxima ao Conjunto Nacional. Na plataforma superior, eram recorrentes os flagrantes de transporte pirata em carros de passeio. No estacionamento em frente ao Teatro Nacional, vários condutores anunciavam os destinos das linhas: Asa Norte e Sobradinho eram os mais comuns. Às 8h30, os secretários de Governo, José Humberto Pires, e de Transportes, Alberto Fraga, chegaram para a vistoria do terminal determinada pelo governador José Roberto Arruda. O maior problema detectado foram as 10 câmeras de monitoramento que deveriam auxiliar os policiais e estavam inoperantes. Pires determinou que os equipamentos estivessem em funcionamento a partir de hoje. Eles também vistoriaram os banheiros masculino e feminino. No dos homens, ficou evidente a falta de ventilação. Como ainda era cedo o banheiro havia sido limpado recentemente, o cheiro não era dos piores. ;Lá pelas 11h fica pior;, observou Fraga. No feminino, nem precisava um olhar detalhista para ver o problema: não há nem sinal de forração no teto, o que deixa vários canos expostos. Outra ausência que chamou a atenção dos dois secretários foi a dos holofotes que, em anos anteriores, diminuíam as áreas escuras da plataforma. ;Na última reforma, a empreiteira levou as luminárias embora e não devolveu;, contou Fraga. Mas o que mais impressionou José Humberto foi a quantidade de quiosques que vendem de lanches a calçados e quinquilharias. ;Tem jeito de as pessoas se movimentarem por aqui?;, questionou. (LC)